Várias cadeiras dispostas lado a lado, algumas televisões modernas no suporte de parede sintonizadas em programas diários. Em cada cadeira um paciente, cada paciente recebendo um tipo diferente de medicamento e sentindo efeitos colaterais que divergem de intensidade conforme a fisiologia de cada um. Enfermeiras circulando entre as cadeiras, sempre vigilantes, observando atentamente cada paciente. Esse é um ambiente comum das salas de infusão de medicamentos endovenosos (chamados na artrite reumatoide de medicamentos biológicos infusionais).
As minhas 3 infusões foram feitas em dois lugares diferentes, no entanto, em ambos os lugares a infraestrutura do local e o treinamento da equipe (médicos e enfermeiros), são de fato nota 10, eficientes, atentos, experientes e capacitados, mas em nenhum desses lugares tem uma regra de convivência, por isso resolvi escrever este post.
Sala de infusão não é a sala da sua casa
Em nenhuma das duas salas que fiz infusão, eu vi o ícone “silêncio”, as enfermeiras sempre tagarelantes e os pacientes, ah, os pacientes mesmo envoltos na ansiedade e medo que levamos junto para a cadeira de infusão, alguns, em longos e altos bate-papos, que não sabemos se o paciente está numa sala de infusão ou numa mesa de bar, na minha última infusão, tive um colega de cadeira que conseguiu falar as 06 horas e meia que estive infundindo, e as duas simpáticas enfermeiras, sempre que voltavam para a mesa, colocavam em dia seus assuntos pessoais, juro, que não tinha interesse em ouvi-los, mas era impossível, porque esse papo também durou 6 horas e meia.
Quando se está em uma cadeira de infusão, cada minuto parece horas, é um lugar onde as horas não passam. Mas que cada minuto tem seus efeitos colaterais, nem sempre nós pacientes estamos sentados ali apenas observando entrar em nossa veia um líquido, esse líquido se trata de medicamentos que trazem efeitos colaterais imediatos que ocorrem ainda durante a infusão, e nem todas as pessoas, gostam de passar mal ouvindo pessoas conversarem e televisão com o som alto. Ouvir uma televisão, quando não queremos ouvir nada é cruel.
Acredito que deveriam pensar em uma forma de distração individualizada, esse lance de várias TVs em pequenos espaços, com som alto, não faz parte da humanização, pelo menos na minha ótica de paciente que fica ali 6 horas e meia ouvindo uma TV que não escolhi ver e passando mal, um mal que preciso passar para ficar bem.
Fico com a reflexão, do que adianta tanta infraestrutura e equipe bem treinada, se não se atentam aos detalhes simples que fazem a qualidade do atendimento ficar comprometida.
Vale a pena pensar em “regras de convivência na sala de infusão” válidas para enfermeiros, pacientes e televisões.
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