Pesquisadores do Instituto do Coração, em São Paulo, desenvolveram uma vacina que pode evitar a febre reumática. Daniela Carvalho conhece bem os corredores. Costuma dizer que o Instituto do Coração é uma segunda casa para ela.
Já foi operada duas vezes para substituir válvulas cardíacas. Descobriu que tinha problemas aos 22 anos e, com 38, é uma professora aposentada. “Difícil aceitar porque eu sou nova, tinha uma vida ativa, trabalhava em duas escolas, em dois períodos, queria abraçar o mundo e, de repente, veio tudo e me freou e falou: ‘chega, agora não dá mais’”, diz Daniela Carvalho.
A febre reumática costuma mesmo debilitar os pacientes no auge da vida produtiva. Mas a origem está na infância, ou na adolescência. Infecções na garganta sem tratamento adequado geram grande produção de anticorpos para combater a bactéria.
Mas, em parte das crianças com predisposição genética, os anticorpos podem atacar outras partes do corpo, como articulações, e, em especial, válvulas cardíacas, causando lesões. A amigdalite vai embora, mas a doença secundária fica, e evolui silenciosamente até a idade adulta com grandes danos no coração. “Estima-se que pelo menos 3% da população que têm amigdalite têm uma predisposição a ter a doença reumática”, explica o médico Flávio Tarasoutchi.
Há 30 anos, a farmacêutica Luiza Gugliemi participa no InCor da pesquisa de uma vacina contra a febre reumática. A fórmula funcionou em todos os testes com animais.
“Nós tivemos resultados de anticorpos altíssimos, uma boa resposta de proteção e nenhum desses animais desenvolveu nenhum tipo de lesão conforme nós avaliamos todos os órgãos, principalmente no coração e nas válvulas com maiores detalhes”, explica a pesquisadora.
Já existe uma versão pronta da vacina para testes em seres humanos, que espera por autorização. Os benefícios humanos, sociais e econômicos que a vacina poderia trazer são enormes. Só no InCor, mais de 350 pessoas que esperam na fila por uma cirurgia de válvula cardíaca, são portadoras de febre reumática e, em todo o Brasil, a estimativa é de 30 mil novos casos da doença por ano.
Internada no InCor, Eva Macedo Canjirana espera por uma nova cirurgia no coração. Já tinha passado por uma há dez anos. Foi levada às pressas da Bahia. Não vê a hora de retomar a vida. Os pesquisadores esperam conseguir fazer os primeiros testes em humanos ainda em 2019.
Fonte: SPMJ Comunicação
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