Capacitação em artrite reumatoide aos profissionais da atenção básica de saúde é fundamental para o diagnóstico precoce e adequado manejo clínico destes pacientes
No Brasil existem 15 milhões de pacientes reumáticos e apenas 1200 reumatologistas, distribuídos de forma desigual pelo país, uma forma de melhorar esse quadro é uma maior atenção na educação dos profissionais do atendimento básico, afirma a Dra. Fabiana Pompeo de Pina, da Sociedade de Reumatologia de Goiânia, em sua abordagem como moderadora de uma das mesas do Fórum de Políticas Públicas em Doenças Reumáticas.
Focado na educação de profissionais da atenção básica, a Dra Wanda Heloisa Ferreira, presidente e fundadora do Instituto Gruparj Petrópolis, nos apresentou como o Instituto levou a capacitação aos profissionais da região serrana do Rio de Janeiro, confira:
Quem também acredita na educação em saúde com foco no atendimento básico como um trunfo para minimizar diversos problemas na rede pública de saúde é a Dra. Wanda Heloísa. A profissional, além de representar a Sociedade Brasileira de Reumatologia na abertura solene do Fórum, apresentou aos presentes no evento os resultados de um projeto do Instituto Gruparj Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, voltado para a capacitação dos profissionais da atenção básica para reconhecer sintomas indicativos de doenças reumáticas, em especial a Artrite Reumatoide.
“O projeto começou devido ao fato de estarmos extremamente desgastados por receber pacientes com mais de 5 anos de início da doença ou pacientes já com algumas deformidades. Então a gente precisava mudar esse cenário na região Serrana do Rio de Janeiro… Nós resolvemos capacitar os profissionais da atenção básica da região Serrana. Por que? Porque a gente pensa que o primeiro acesso do paciente é na atenção básica, na maioria das vezes, em se tratando de SUS”, salientou a reumatologista.
Ela explicou que o objetivo geral do projeto era capacitar esses profissionais da atenção básica para desenvolverem posturas, ações educativas e preventivas em Artrite Reumatoide no trato com crianças, adolescentes e adultos. O projeto foi implementado inicialmente em 10 postos de saúde do município de Petrópolis, pelo período de 1 ano e meio. Com aulas para capacitação feitas uma vez por semana durante um mês ou um mês e meio dependendo do tamanho do posto de saúde. E essa capacitação foi feita não só com médicos, mas com todos os profissionais da atenção básica, incluindo os agentes comunitários.
Em um ano e meio esse projeto identificou 254 pacientes que foram referendados para investigação diagnóstica mais criteriosa. Desses, 47 mulheres e 10 homens receberam o diagnóstico confirmado de artrite reumatoide, sendo 13 pessoas com artrite inicial. Cinco crianças com Artrite Idiopática Juvenil, sendo 2 com AIJ inicial. Também foram encontrados pacientes com Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante, Osteoartrite e outras doenças reumatológicas. E também 25 pessoas que foram referendadas e que não apresentavam nenhum tipo de doença reumatológica.
“As 13 pessoas identificadas com AR inicial não foram afastadas do trabalho. E as duas crianças com AIJ inicial não precisaram se afastar da escola. Entre os 57 diagnosticados com AR, 20 voltaram ao mercado de trabalho. Houve diminuição dos custos diretos e indiretos com tratamento. Ocorreu um aumento real no número de diagnósticos de Artrite Inicial. O que na prática, muda o cenário da evolução da doença. No total, 229 pessoas tiveram o diagnóstico reumatológico confirmado e acesso ao tratamento… E o que nós aprendemos com esse projeto? Nós aprendemos que esses pacientes existem, mas estão perdidos por falta de diagnóstico”, finalizou ela.
Relatorio-Forum-Politicas-Publicas-Doencas-Reumaticas-2019
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