Epstein-Barr ataca as células B que produzem anticorpos no sistema imunológico e as ‘reprograma’
CINCINNATI – O vírus que provoca a mononucleose, Epstein-Barr (EBV, na sigla em inglês), foi relacionado ao aumento no risco de outras sete doenças sérias, uma descoberta que pode contribuir para a busca de uma vacina, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira na revista Nature.
- Imagem de microscópio eletrônico do vírus Epstein-Barr (EPV) Foto: Liza Gross/Wikimedia
Uma equipe do Centro Médico Cincinnati Children, nos Estados Unidos, vinculou o vírus com a possibilidade de desenvolver lupus eritematoso sistêmico (LES), esclerose múltipla (EM), artrite reumatoide (AR), artrite idiopática juvenil (AIJ), doença inflamatória intestinal (EII), doença celíaca e diabete do tipo 1.
O avanço abre novas vias de exploração neste campo, já que o EBV, cujo efeito mais comum é a mononucleose, afeta mais de 90% da população dos países desenvolvidos antes dos 20 anos e, uma vez contraído, mantém-se no corpo durante toda a vida.
“Assumindo que nossos resultados possam ser replicados, esta descoberta pode abrir caminho para tratamentos, medidas de prevenção e prevenção que até agora não existem”, disse John Harley, cientista que coordenou a pesquisa.
O vírus Epstein-Barr ataca as células B que produzem anticorpos no sistema imunológico e as “reprograma”, por isso o corpo não pode reagir da mesma forma como quando contrai outro vírus, assim como gera a proteína EBNA2, que tem sido encontrada ligada a múltiplos pontos do genoma.
O estudo mostra que o EBV modifica os fatores de transcrição, proteínas responsáveis por “ligar” e “desligar” a informação genética e, em consequência, o correto funcionamento das células dentro da genoma. Dessa forma, quando estes fatores são modificados, as funções normais das células também mudam.
“O vírus cria seus próprios fatores de transcrição”, afirmou Leah Kottyan, outra cientista que participou do trabalho.
A pesquisa comprovou que as sete doenças compartilham o mesmo padrão de fatores de transcrição “modificado” pela proteína EBNA2, embora, segundo a parte do código à qual os fatores se unem, aumenta o risco de lupus, esclerose múltipla e das outras patologias mencionadas.
“O impacto do vírus pode mudar segundo a doença. No lúpus e na esclerose, o vírus pode ser uma causa significativa em um grande porcentual, por exemplo, mas não sabemos a proporção da incidência em outras doenças associadas ao EBNA2”, disse Harley.
O estudo aplicou também a mesma técnica de análise cruzada para encontrar conexões entre os 1.600 fatores de transcrição conhecida e as variações genéticas vinculadas com mais de 200 doenças, conseguindo associá-las a 94 condições.
“Descobrimos pontos de partida para muitas outras doenças, como o câncer de mama”, acrescentou Harley sobre esses resultados, também incluídos na publicação. /EFE.
Fonte: O Estado de São Paulo
Descubra mais sobre Artrite Reumatoide
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.