Não temos dados precisos no Brasil, mas entre 4 mil e 10 mil crianças de até 16 anos são diagnosticadas com artrite juvenil todo ano nos Estados Unidos, o que dá uma taxa de cerca de 1 caso para cada 32 mil habitantes por ano. A artrite juvenil é uma forma de artrite reumatoide e envolve a inflamação crônica das juntas e olhos que pode levar a dor, perda da visão e incapacitação.
Fatores genéticos explicam somente ¼ desses casos nos jovens, o que significa que outros fatores também podem ter um papel importante no aparecimento da doença, e os antibióticos pode ser um deles. Isso é o que mostra um estudo da Universidade Rutgers e da Universidade da Pensilvânia, EUA, publicado essa semana na revista Pediatrics. Tomar antibióticos parece aumentar o risco de que uma criança desenvolva artrite juvenil.
Duas vezes mais risco
A ideia desse estudo veio por causa de evidências que mostram que os antibióticos podem predispor crianças a desenvolver outras doenças crônicas, incluindo a doença inflamatória intestinal. A desorganização da flora intestinal parece ser um fator importante para causar a doença inflamatória do intestino e outras doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide em adultos. E os antibióticos destroem a flora intestinal em humanos.
Usando um banco de dados com informações de mais de 11 milhões de pessoas, os pesquisadores compararam crianças recém-diagnosticadas com artrite juvenil com outras da mesma idade e sexo, mas sem a doença.
De cerca de 450 mil crianças estudadas, 152 foram diagnosticados com artrite juvenil. As que receberam antibióticos tinham duas vezes mais risco de desenvolver artrite juvenil comparado com crianças da mesma idade que não receberam antibióticos. Quanto mais antibióticos uma criança recebeu, maior foi o risco, e este foi maior dentro de um ano após receberem o medicamento.
Uso excessivo
Especialistas avaliam que cerca de um quarto dos antibióticos prescritos para crianças – e metade dos antibióticos prescritos para infecções respiratórias agudas – são provavelmente desnecessárias. De fato, esse estudo mostrou que as infecções das vias respiratórias superiores tratadas com antibióticos foram mais fortemente associadas com artrite juvenil do que as não tratadas.
Existe um abuso na prescrição de antibióticos em que pais e médicos parecem ser cúmplices. Por outro lado os medicamentos antivirais e antifúngicos não foram ligados à artrite juvenil, confirmando que o risco para a artrite foi específica para os medicamentos anti-bacterianos.
Fonte: Pílulas do Saber
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