Se não for tratada, a doença que afeta articulações pode acabar “colando os ossos da coluna”, deixando-a menos flexível.
Dores nas costas que melhoram com o movimento e pioram com o repouso. Esse é o sintoma inicial da espondilite anquilosante, uma doença reumática que atinge as articulações da coluna vertebral e as grandes articulações do corpo. Por se tratar de uma doença progressiva, o diagnóstico precoce pode evitar complicações mais graves. Mas, o quanto você sabe sobre essa enfermidade?
Reumatologista do Hospital Universitário de Brasília, Cleandro de Albuquerque explica que a tendência é que os sintomas se tornem mais intensos. “Na evolução da doença, se ela não for tratada, a tendência é que essa inflamação acabe colando os ossos da coluna. As complicações dessa deformidade podem causar dificuldades respiratórias e fortes dores”, diz.
Além disso, o médico esclarece que essas não são as únicas complicações possíveis da espondilite anquilosante. Se não for realizado o tratamento adequado, podem ocorrer outras complicações:
– Dores intensas na coluna e nas articulações;
– Inflamação nos olhos, chamada de uveíte;
– Inflamação do intestino, as vezes com formações de fistulas intestinais (estreitamentos);
– Deformidades articulares no quadril e nos ombros;
– Doenças de pele, principalmente casos de psoríase;
– Problemas cardíacos, como inflamação de vasos do coração, doença valvar aórtica, distúrbios de condução, cardiomiopatia e doença cardíaca isquêmica;
– Quanto à saúde mental, podem ocorrer alterações do humor e depressão.
Convivendo com a dor
Sindinha Cardoso, 53 anos, convive com a espondilite anquilosante há 16 anos e conhece bem todos seus sintomas. Ela descobriu a doença por acaso. “Eu sentia muitas dore nas costas. Como eu acompanhava sempre minha mãe ao médico, já que ela tem artrose, em uma das consultas eu falei com a doutora sobre o que eu estava sentindo, e ela me indicou alguns exames. Eu tinha 37 anos quando me confirmaram que eu tinha espondilite e faço tratamento desde então”, conta.
Por se tratar de uma doença progressiva, Sindinha passou a sentir mais dores, com o passar do tempo. O tratamento não cura, mas ajuda a não piorar ainda mais os sintomas. “Hoje eu não consigo ficar muito tempo em pé e nem sentada, sinto a coluna ficar rígida, é muito doloroso. A espondilite vai te travando aos poucos, você vai perdendo as forças de cada junta do corpo. Com o tempo, aprendi a ficar com o corpo reto para evitar maiores complicações”, conta.
Enfrentando o preconceito
Se não bastassem as dores intensas, o preconceito e falta de conhecimento sobre a doença também afeta bastante sua vida. “É uma doença invisível. As pessoas não entendem, nos lugares públicos. Ninguém entende que você está sentindo dores, acham que você está bem. Muitas vezes preciso andar com a cópia de documentos que provem que eu tenho a doença, para que as pessoas entendam algumas necessidades”, lamenta.
Para aumentar o conhecimento da população sobre a espondilite, Sindinha sugeriu, em um comentário na página do Ministério da Saúde no Facebook, que o assunto fosse abordado nas redes sociais da pasta. “Poucas pessoas conhecem a doença. Você conversa com várias pessoas diferentes e ninguém nunca ouviu falar. Mesmo convivendo com ela, só vim conhecer um pouco mais através de um grupo do Facebook. Por isso, decidi fazer esse pedido”, conta.
Tratamento gratuito pelo SUS
Desde o início, Sindinha Cardoso faz o tratamento gratuitamente pelo SUS. “Eu não teria dinheiro para bancar todo o tratamento da espondilite. Tenho ótimos médicos que me auxiliam em tudo e pego os medicamentos gratuitamente. Só posso agradecer”, celebra.
O tratamento para doenças reumáticas é garantido pelo Sistema Único de Saúde. Os cuidados dessas doenças incluem tratamentos farmacológico (com o uso de medicamentos) e complementares (com a utilização de práticas integrativas e complementares, exercícios, terapia física, entre outros).
Alguns tratamentos específicos para determinadas doenças reumáticas e doenças osteomusculares seguem Protocolos Clínicos de Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde. São eles: Artrite Psoríaca, Artrite Reativa, Artrite Reumatoide, Dermatopoliomiosite e Polimiosite, Doença de Paget, Osteíte Deformante, Doença Falciforme, Dor Crônica, Espondilite Anquilosante, Espondilose, Hiporatireoidismo, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Osteodistrofia Renal e Osteoporose. Esses protocolos trazem informações detalhadas sobre como se proceder quanto ao diagnóstico, tratamento, controle e acompanhamento dos pacientes.
Janaina Bolonezi, para o Blog da Saúde.
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