Doença não é contagiosa, mas a lesão, que esteticamente incomoda, é muito visível
Por ter uma manifestação clara na pele, a psoríase acaba provocando situações de preconceito, afirma a dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), Claudia Maia. “Não é uma doença contagiosa, mas o aspecto [na pele] faz com que as pessoas tenham muito preconceito, porque é uma lesão que, esteticamente, incomoda, é muito visível. Além da coceira que provoca”, explica.
De acordo com Ricardo Romiti, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da SBD, a doença pode também ter repercussões psicológicas. “Não é incomum pacientes com psoríase desenvolverem quadros de depressão e ansiedade. Por esses motivos, muitos pacientes precisam de um acompanhamento multidisciplinar para lidar da forma mais adequada com a doença e ter uma melhor qualidade de vida”, afirma.
A psicóloga Monise Benin diz que o estigma acaba prejudicando ainda mais o tratamento da doença. “Com a psicoterapia, é possível identificar que lugar o sintoma manifestado no corpo ocupa no psicológico e tratá-lo.”
Desconhecimento
A pesquisa “Psoríase: conhecimento entre a população brasileira”, realizada pelo Instituto Datafolha e encomendada pela farmacêutica AbbVie, apontou que 49% da população acreditam que a doença é contagiosa. Além disso, 53% acham que o problema de saúde acontece devido a determinados hábitos alimentares. A pesquisa apontou que 90% dos entrevistados desconhecem a doença. Ao todo foram realizadas 2.080 entrevistas presenciais em 130 cidades de todo o Brasil, em dezembro de 2019. Os resultados foram divulgados em outubro deste ano.
Cíclica
A psoríase é uma doença da pele relativamente comum. É cíclica, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética.
Acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos. Iniciam-se, então, respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele e infiltração da pele com células de defesa chamadas neutrófilos, como as células da pele estão sendo atacadas, sua produção também aumenta, levando a uma rapidez do seu ciclo evolutivo, com consequente grande produção de escamas devido à imaturidade das células.
Esse ciclo faz com que ambas as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. Normalmente, essa cadeia só é quebrada com tratamento.
Tratamento
Cada tipo e gravidade de psoríase podem responder melhor a um tipo diferente de tratamento (ou a uma combinação de terapias). O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra, dessa forma, o tratamento da psoríase é individualizado. Confira as informações da SBD.
O tratamento é essencial para manter uma qualidade de vida satisfatória. Nos casos leves, hidratar a pele, aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição diária ao sol, nos horários e tempo adequados e seguros, são suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas.
Ultravioleta
Nos casos moderados, quando apenas as medidas acima não melhorarem os sintomas, o tratamento com exposição à luz ultravioleta A (PUVA) ou ultravioleta B (banda estreita) em cabines faz-se necessário. Essa modalidade terapêutica utiliza combinação de medicamentos que aumentam a sensibilidade da pele à luz, os psoralenos (P), com a luz ultravioleta A (UVA), geralmente em uma câmara emissora da luz.
A sessão da Puvaterapia demora poucos minutos e a dose de UVA é aumentada gradualmente, dependendo do tipo de pele e da resposta individual de cada paciente à terapia. O tratamento também pode ser feito com UVB de banda estreita, com menores efeitos adversos, podendo, inclusive, ser indicado para gestantes. Já em casos graves, é necessário iniciar tratamentos com medicação via oral ou injetável.
Os tratamento mais comuns são:
• Tópico: medicamentos em cremes e pomadas, aplicados diretamente na pele. Podem ser usados em conjunto com outras terapias ou isoladamente, em casos de psoríase leve.
• Sistêmicos: medicamentos em comprimidos ou injeções, geralmente indicados para pacientes com psoríase de moderada a grave e/ou com artrite psoriásica.
• Biológicos: medicamentos injetáveis, indicados para o tratamento de pacientes com psoríase moderada a grave. Existem diversas classes de tratamentos biológicos para psoríase já aprovadas no Brasil: os chamados anti-TNFs (como adalimumabe, etanercepte e infliximabe), anti-interleucina 12 e 23 (ustequinumabe) ou anti-interleucina 17 (secuquinumabe).
• Fototerapia: consiste na exposição da pele à luz ultravioleta de forma consistente e com supervisão médica. O tratamento precisa ser feito por profissionais especializados.
A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na autoestima do paciente, o que pode piorar o quadro. Assim, o acompanhamento psicológico é indicado em alguns casos. Outros fatores que impulsionam a melhora e até o desaparecimento dos sintomas são uma alimentação balanceada e a prática de atividade física. O paciente nunca deve interromper o tratamento prescrito sem autorização do médico. Esta atitude pode piorar a psoríase e agravar a situação.
Fonte: Folha Londrina.
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