Engravidar após a artrite reumatoide configura uma preocupação para os casais. A gravidez na mulher com AR não é proibida, porém deve ser uma decisão compartilhada entre o casal e o médico reumatologista que irá orientar as medidas pré-concepção. Que envolvem a retirada prévia de medicamentos que possam interferir no desenvolvimento do bebê.
O tempo de retirada da medicação para programar a gravidez é determinado pelo médico, conforme o medicamento que está sendo utilizado. Em média esse período varia de 3 à 6 meses. O melhor momento para programar essa gravidez é na oportunidade em que a doença esta em remissão (controlada). Felizmente, durante a gravidez a doença fica controlada em 75% das mulheres com AR. A diminuição da atividade inflamatória passa a ser percebida ainda no primeiro trimestre e pode durar até o período pós-parto imediato.
O Consenso da SBR para o tratamento da artrite reumatoide, ressalta que “durante o período gestacional, observa-se geralmente melhora das manifestações clínicas da AR em até 75% das pacientes, embora 90% apresentem recaída nos primeiros seis meses do puerpério.*
O desafio para os médicos está em controlar a doença em mulheres que mesmo durante a gravidez apresentam alta atividade da AR, sendo necessária a utilização de medicamentos imunossupressores. No consenso da SBR para AR, é preconizado o tratamento seguro com hidroxicloroquina e sulfasalazina.
A maioria das drogas utilizadas no tratamento da AR é contraindicada durante a gestação e a lactação, com exceção da Hidroxicloroquina e da Sulfasalazina, que parecem ser relativamente seguras.* Pesquisadores avançam no estudo do uso de medicamentos biológicos durante a gravidez. Até o momento acredita-se que o certolizumabe pegol pode ser utilizado durante o período gestacional.*
Os bebês de mulheres com AR nascem em sua maioria normais, comparáveis a um recém-nascido de uma mulher que não tenha a doença. Os filhos de mães ou pais com artrite reumatoide não correm o risco de nascer com a doença, pois não é hereditária. O tipo de parto, cesária ou normal, é definido pelo comprometimento da doença na mãe. Por exemplo, se a mãe for portadora de uma prótese de quadril ou tiver os membros inferiores sem flexibilidade, esse parto será orientado para a realização do parto cesária. Não existem contraindicações para mulheres com artrite que não tenham maiores comprometimentos articulares.
Aproximadamente 90% das mulheres apresentam crises da AR durante os três primeiros meses do pós-parto, é necessário interromper a amamentação para reiniciar o tratamento adequado da AR, prevenindo que essa mãe tenha os cuidados com o seu bebê prejudicados. Alguns médicos preconizam a retomada do tratamento medicamentoso imediatamente após o parto.
Amamentação
Não existem evidências mostrando que a amamentação possa piorar a atividade inflamatória da AR. Porém, é necessário que a mãe estabeleça critérios para manter ou não o período de ama-mentação. Se a doença estiver controlada e não for necessário usar medicamentos fortes, a amamentação pode continuar.
Em mulheres com a doença em franca atividade, deve ser considerada a suspensão da amamentação para retomada do tratamento. Nesse momento é importante considerar as necessidades dessa mãe em prestar cuidados ao seu filho, segurar no colo, dar banho, enfim. Amamentar é um ato de amor que pode ser substituído por uma mamadeira cheia de carinho e uma mãe sem dor e com autonomia.
Os medicamentos com uso seguro durante a amamentação incluem os anti-inflamatórios simples, corticoide, hidroxicloroquina e sulfasalazina. É contraindicado o uso de metotrexato, leflunomida e azatioprina.*4. A amamentação deve ser discutida sempre com o médico reumatologista e o pediatra. Pesquisadores apontam que mulheres que não têm AR, ao amamentar diminuem o seu risco de desenvolver a doença.
Paginas 97 a 98 do Livro: EncontrAR a vida após a Artrite Reumatoide, escrito por Priscila Torres e com revisão do reumatologista, Dr. Thiago Bitar.
Saiba mais sobre o tema em nossas publicações:
https://artritereumatoide.blog.br/doencas-reumaticas-na-gravidez/
https://artritereumatoide.blog.br/tenho-artrite-reumatoide-mas-decidi-engravidar/
https://artritereumatoide.blog.br/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-imunobiologicos-e-gravidez/
Referências:
1.Mota, Licia Maria Henrique da, et al. “Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia 2011 para o diagnóstico e avaliação inicial da artrite reumatoide”. Rev Bras Reumatol 51.3 (2011): 199-219.
2.Mota, Licia Maria Henrique da, et al. “Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia 2011 para o diagnóstico e avaliação inicial da artrite reumatoide”. Rev Bras Reumatol 51.3 (2011): 199-219.
3.22 DANTAS, Andréa Tavares et al. Manejo da gravidez nas doenças reumáticas autoimunes. Grupo Editorial Moreira Jr, v. 12, n. 5, p.131-138, 2011.
4 Krause, Megan L., Shreyasee Amin e Ashima Makol. “Uso de DMARDs e produtos biológicos durante a gravidez e aleitamento na artrite reumatóide: o que o reumatologista precisa saber”. Avanços terapêuticos na doença músculo-esquelética 6,5 (2014): 169-184. PMC. Rede. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4206648/. Acesso em: 15 de mai. de 2017.
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