O sedentarismo é o principal fator de risco para a dor crônica. Mexer o corpo aumenta a resistência aos pequenos traumatismos e atrasa o envelhecimento articular.
Mexer-se é essencial e é importante recordar que existe a possibilidade de prevenir e melhorar os estados de dor pode ser fácil e acessível a qualquer um
A dor crônica pode não ser um mero sintoma, pode ser uma doença com interferências na vida diária, com maior ou menor intensidade. Essa dor pode ter múltiplas causas e a mais frequente é quando o sistema músculo esquelético é afetado. Estima-se que cerca de 40% dos portugueses sofram de dor crônica e sabe-se que a prevenção é o ponto de partida para um controle eficaz. O exercício físico faz toda a diferença.
“A lombalgia e a cervicalgia constituem as maiores causas de dor crônica do mundo e geram a maior perda de dias vividos com qualidade, mesmo quando comparamos com doenças do foro cardiovascular ou diabetes”, refere à NM Cláudia Armada, anestesiologista do IPO de Lisboa e membro dos corpos sociais da APED – Associação Portuguesa para o Estudo da Dor.
O exercício físico aumenta a resistência aos pequenos traumatismos diários e atrasa o envelhecimento articular. São efeitos diretos. Há outros, indiretos. Segundo Cláudia Armada, o exercício tem outros benefícios que “previnem e melhoram os estados de dor crônica, como a melhoria da qualidade do sono, o aumento da sensação de bem-estar, aumento da capacidade de concentração, otimização do sistema imunitário, reduzindo o número de infeções, melhoria da condição cardiovascular com redução no número de enfartes e acidentes vasculares cerebrais, prevenção da diabetes e melhoria da função respiratória, entre outros.”
Caminhar é importante, manter a mobilidade é fundamental, e convém não esquecer que o sedentarismo é o maior fator de risco para desenvolver dor crônica. Os portugueses sabem que é benéfico fazer exercício físico, por várias razões, mas não têm a real noção da gravidade se não o praticarem. Habitualmente, associam a prática física apenas à prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes, e pouco mais.
“O pior é que nem a doença cardíaca nem a diabetes se fazem sentir até ser tarde demais e, como tal, talvez não seja uma informação suficientemente motivadora, principalmente para os jovens. Talvez estejamos ficando um pouco mais ecológicos, mas, definitivamente, não menos sedentários.” A anestesiologista recorda os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2018 para os níveis de atividade física em Portugal. Apenas 38% das crianças até aos 11 anos, 12% dos jovens até aos 15 anos e 35% dos adultos têm atividade física diária suficiente. “São dados alarmantes e, podem, inclusive, implicar uma diminuição da esperança média de vida dos escalões mais jovens o que, a verificar-se, seria a primeira vez na existência do ser humano.” “É preciso aceitar a nossa condição original, que é estar em movimento”, acrescenta.
Mexer-se é essencial e é importante recordar que a possibilidade de prevenir e melhorar os estados de dor pode ser fácil e acessível a qualquer um. É necessário sensibilizar a população para a adoção de comportamentos saudáveis e incentivar o movimento como forma de prevenção e tratamento de estados de dor ligeira a moderada. “Todos temos a capacidade de introduzir mais movimento na nossa vida, seja caminhar, correr, saltar, dançar, nadar, etc., ou fazendo algum tipo de exercício mais elaborado ou assistido. Esta mudança no estilo de vida pode trazer benefícios incalculáveis, não só individualmente como para toda a sociedade, já que reduz o fardo econômico de uma nação”, sublinha Cláudia Armada.
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