Sou a Yasmim. Tudo iniciou de forma tão rápida, tive lesão no rosto que em poucos dias viraram a famosa asa de borboleta, ulceras, manchas nas mãos e nos pés, além das dores pelo corpo, rigidez, articulações incharam, febre, perda de peso, muito cansaço, muita dor ao respirar.
E foi um choque, estava terminando a faculdade quando os sintomas apareceram, acredito que a ansiedade e o estresse de final de curso contribuíram para que o lúpus se manifestasse de vez, na minha colação de grau, em junho de 2017, eu apresentava boa parte dos sintomas, principalmente o Rash Malar.
Ao terminarmos a faculdade, encerramos um ciclo e iniciamos um novo ciclo de vida, eu não esperava que esse meu novo ciclo de vida fosse uma mudança tão radical, almejava seguir um caminho profissional e tive que mudar meus sonhos, pois apareceram outros sonhos, um outro olhar para vida. Em setembro de 2017 ao receber o diagnóstico, me senti tão aliviada, apesar de assustador, por já conhecer um pouco sobre o lúpus, eu senti e tive a certeza que a partir daquela data “nascia” uma nova Yasmim.
Logo eu que sou tão elétrica, com o lúpus eu aprendi a desacelerar, ouvir e respeitar mais o meu corpo, que agora tem limites, mas esse limite não me impede de viver, saborear, aproveitar e olhar com outros olhos a vida, num ritmo mais calmo e sereno.
Nesse pouquíssimo tempo já são vários ensinamentos e um novo jeito de encarar a vida, recebi apoio de quem menos esperava e de quem eu mais esperava apoio vi se afastar, vi amigos virarem verdadeiros irmãos, percebi que família é o bem mais precioso que temos, médicos que são verdadeiros anjos e nessa minha pouquíssima jornada conheci um grupo de apoio maravilhoso, é mais que um grupo de apoio, é uma união de pessoas que construíram laços familiares, somos uma família, a família de atenção à pessoa com lúpus de Petrolina/Juazeiro.
Sinto que ganhei mais do que perdi, passamos a valorizar mais a simplicidade das pequenas coisas, dos pequenos atos, ser grata por acordar com vida e energia, sem dores, poder caminhar, movimentar cada parte do meu corpo, conseguir executar minhas tarefas sem nenhuma dificuldade. E a cada dia eu me supero, supero meus limites e principalmente, supero meu lobinho, mas claro respeitando o espaço dele também.
Tudo vem para nos ensinar alguma coisa, tudo tem um propósito e as doenças são oportunidades únicas de crescimento espiritual. Parafraseando o sábio Chico Xavier que dizia: “Toda doença no corpo é um processo de cura para alma”. Em diversos momentos o lúpus me deixa vulnerável, parece que para nós o amanhã é mais escuro, é uma incógnita, é viver numa montanha russa com os olhos vendados, o lúpus nos dá a certeza da incerteza perante a vida.
É lidar com dores que nem sempre são compreendidas, é a mudança de humor repentina, é controlar a ansiedade quando chega o dia da consulta, é desmarcar compromissos por causa da fadiga, é encontrar forças diante da nossa vulnerabilidade, e muitas vezes nem sabemos de onde tiramos para encarar a adversidade da vida e não deixar a “peteca” cair, é manter sempre o pensamento positivo, manter a sinergia entre corpo, mente e o espírito.
Passei a pensar mais em mim, a tomar consciência que eu devo ser a primeira pessoa a dar mais amor e a respeitar o meu corpo, não é egoísmo nós nos priorizar, se não fizermos isso quem vai? Busco seguir a risca todas as recomendações médicas, mantenho a minha medicação em dia, apesar dos efeitos colaterais, procuro descansar, fazer mais as coisas que eu amo e mantenho sempre minha espiritualidade recarregada e renovada, apesar de em vários momentos meu corpo parecer frágil, eu mantenho minha alma viva, acordar bem e me sentindo bem é um verdadeiro motivo para agradecer.
E o mais importante nessa caminhada é que não estamos sós, apesar da doença ser invisível, nós não somos invisíveis, nessa jornada temos que dar as mãos a outras borboletas, apoiar uma as outras, grupos de apoios são tão importantes para o nosso tratamento, ao nosso redor existem várias pessoas querendo nos apoiar, torcendo por nossa recuperação, querendo cuidar de nós, amigos, familiares e amores.
Pedi ajuda e se deixar ser ajudado é um gesto de solicitude a ser apreciada e aplaudida, só nos mostra o quão forte somos. Como diria Tom Jobim “fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho.”
Vamos apreciar a raridade e a beleza da vida! E tem outros trechos de duas musicas que eu amo e levo como mantra, a primeira é de Rosa de Saron – Chance: “Os dias correm, somem e com o tempo não vão voltar, só há uma chance pra viver, não perca a força e o sonho, não deixe nunca de acreditar, que tudo vai acontecer”.
Só há uma chance para viver. E Los Hermanos – Alem do que se vê: “É preciso força pra sonhar e perceber, que a estrada vai além do que se vê.”
Nossa estrada e nossos sonhos estão muito além do lúpus.
“Dor Compartilhada é Dor Diminuída”, conte a sua história e entenda que ao escrever praticamos uma autoterapia e sua história pode ajudar alguém a viver melhor com a doença!
É simples, preencha o formulário no link http://ow.ly/gGra50nFGJp
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