No ano passado, a jogadora de tênis Danielle Collins anunciou uma pausa na carreira para o tratamento da endometriose. A norte-americana, na época, ocupava a 40ª posição do ranking e as dores e a agonia física causadas pela endometriose afetavam seu desempenho. Na semana passada, pela primeira vez na carreira, Danielle esteve entre as 10 primeiras posições, ocupando o 10º lugar. No seu caso, o encaminhamento foi cirúrgico, mas nem sempre a cirurgia é necessária. Por isso, a importância do diagnóstico precoce da endometriose, condição que afeta 8 milhões de mulheres no Brasil e 200 milhões no mundo todo.
As cólicas severas estão entre os principais sintomas e, por isso, a endometriose impacta tanto a qualidade de vida e a produtividade da mulher. É considerada, inclusive, uma das principais causas de absenteísmo feminino. O principal estudo mundial já realizado sobre o tema, o EndoCost, aponta que mulheres que sofrem as dores da endometriose perdem até 11 horas semanais de trabalho e que 38% das mulheres que têm a condição apresentam maior perda de produtividade em comparação com aquelas que não têm.
Segundo o ginecologista Patrick Bellelis, especialista em endometriose, sem o tratamento adequado, a mulher pode ficar cada vez mais incapacitada de seguir com sua rotina. “Não é fácil conviver com a endometriose e nem sempre o diagnóstico é feito da forma certa. É uma condição que pode levar à incapacitação e que precisa de tratamento adequado e não necessariamente cirúrgico. Com o acompanhamento correto, é possível tornar os picos de dor bem menos intensos e, assim, a paciente não precisa abdicar de nada em sua rotina por conta dos desconfortos”.
Diagnóstico tardio pode agravar quadro
A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. Elas podem se acumular nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo.
Dois dos seus principais sintomas afetam de forma severa a vida da mulher: as cólicas e a dificuldade em engravidar. E o que muitas vezes faz a condição atingir níveis mais graves é a demora no diagnóstico, que costuma levar de 7 a 10 anos para ser feito, tanto porque as pacientes encaram as cólicas como parte normal do ciclo menstrual, quanto por conta de profissionais de saúde que subestimam as queixas das pacientes em relação às dores que sentem.
“É comum que as pacientes procurem ajuda médica apenas porque estão com dificuldades de engravidar, assim como há casos, infelizmente, de mulheres que procuram diversos profissionais até conseguirem um diagnóstico correto. As mulheres precisam observar seu corpo, estar atentas aos sinais e investigar qualquer sintoma, porque o diagnóstico precoce é capaz de prevenir sequelas e permitir um tratamento que pode garantir o controle da endometriose e a qualidade de vida”, reforça Bellelis.
Além das cólicas de forte intensidade e da dificuldade em engravidar, a endometriose pode causar dor durante a relação sexual, dor e sangramento ao urinar ou evacuar, dores nas costas, entre outros sintomas. Ao sentir qualquer coisa fora do normal durante o ciclo menstrual, o especialista recomenda buscar um ginecologista para que o quadro seja investigado e se dê início a um tratamento o quanto antes.
PATRICK BELLELIS — GINECOLOGISTA
Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intra uterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia — FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação. Médico Assistente do Setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desde 2010. Professor do Curso de Especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — Pós- Graduação Latu Senso, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês desde 2011. Professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica — IRCAD — do Hospital de Câncer de Barretos, desde 2012.
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