O paulista Mário Hirata, 66 anos, tem um espírito empreendedor desde cedo. Começou ajudando o pai numa lojinha de presentes na periferia de São Paulo e, desde os 18 anos, quando serviu o Exército, queria fazer algo além da formação em ciências contábeis. Neto de japoneses, começou a vida profissional fotografando casamentos para comercializar as imagens em preto e branco feitas num pequeno estúdio. Com a chegada da revelação das fotos em cores, o negócio começou a cair e Hirata foi logo querendo saber os motivos pelos quais as empresas do Japão, em meio ao milagre dos anos 1980, cresciam progressivamente.
“Queria entender porque elas se expandiam tanto”, diz ele. Hirata tornou-se vendedor de produtos terapêuticos(1988) de empresas japonesas até chegar à direção de marketing de uma operadora de planos de saúde, em 1991. “Não sabia o que era marketing. Fui estudar. Mas já entendia que a base da venda era a motivação”, disse ele, que aprendeu logo cedo uma lição básica com o pai: “Ele nunca disse não a um cliente. Sempre que alguém chegava na loja procurando um produto, ele dizia que estava chegando em dois dias e se virava para conseguir ”. Foi trabalhando na área de saúde que Mário conheceu a tecnologia japonesa de ponta usada na produção de roupas terapêuticas, em 1992, e decidiu apostar numa produção que começou sendo vendida por meio do boca a boca entre amigos há 23 anos até chegar ao mercado externo com roupas patenteadas no Brasil. “Investimos em pesquisa e inovação tecnológica contínua para aprimoramento dos produtos terapêuticos”, revelou o presidente da Invel, em entrevista na loja-conceito da empresa, em São Paulo. Confira abaixo:
O senhor comanda uma empresa que está há cerca de 20 anos no mercado e que detém uma tecnologia de ponta na produção de roupas terapêuticas. Como surgiu a Invel?
Passei três anos vendendo os produtos durante as apresentações em clubes na capital e no interior de São Paulo, e, em 1999, criei a Invel. A sede da empresa fica no Jardim da Saúde, em São Paulo, e temos uma fábrica em Santa Catarina que produz calças, bermudas anticelulite, regatas, palmilhas, luvas, colchonete anti-insônia, entre outros itens. Hoje empregamos 90 pessoas na linha de produção no Brasil.
Qual é o carro-chefe das vendas?
A empresa espera crescer 20% neste ano em volume de vendas. Cerca de 30% do faturamento vêm da exportação para o Japão. Devido à crise no Brasil nos últimos dois anos, a exportação representou 40% do faturamento.
Como funciona essa tecnologia de tecidos com biocerâmica (MIG3)?
É um composto formado por óxidos minerais que, em contato com o calor do corpo, propaga os raios infravermelhos. Isso acaba estimulando a produção do óxido nítrico (NO), essencial para o corpo humano, e que, a partir dos 20 anos de idade, vamos perdendo. Os benefícios do óxido nítrico para a saúde são inúmeros, como o combate de bactérias invasoras, melhora a circulação sanguínea, a oxigenação, sendo eficaz no alívio de dores crônicas na região lombar, mãos, punhos e braços, além de tratar a insônia e reduzir a celulite.
Quais são os efeitos comprovados?
Os efeitos são notados a partir do relaxamento muscular e alívio das dores crônicas bem como a melhora do aspecto da pele e outros benefícios citados na pergunta anterior. Todos os produtos têm o registro e aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Saúde e certificação europeia (CE) para comercializar os produtos em todos os países da Europa. Em 2016, ganhamos o prêmio Japan Far Infrared Rays Association, de melhor tecnologia.
Qual diferença dessa tecnologia para as demais?
A tecnologia MIG3 tem um diferencial que nos coloca numa posição privilegiada e diferenciada. Somos a única empresa que consegue o resultado terapêutico advindo do mecanismo de ação e produção da enzima do óxido nítrico com comprovação científica. É, sem dúvida, a molécula da vida.
Como o senhor conheceu essa tecnologia?
Um amigo meu da área de saúde me convidou para assistir a uma palestra no Japão, em 1992, sobre um tecido em biocerâmica para aliviar a dor. Na época, eu era diretor de marketing de uma empresa de plano de saúde (Nipomed) japonesa. Resolvi ir e fiquei refletindo sobre como o produto irradiava ondas de infravermelho na frequência invisível. Mas confesso que não acreditei muito. Fui nos três anos seguintes e percebi que havia uma evolução na área da ciência, com os laboratórios de universidades estudando os produtos em países como Espanha, França e Inglaterra.
Quando o senhor resolveu importar essa tecnologia para o Brasil?
No final de 1995. Fui para o mesmo evento nos anos de 1993, 1994 e 1995. Quando tomei conhecimento que mais de dez universidades já estavam estudando novas tecnologia em biocerâmica, pensei comigo mesmo: não estou enxergando uma oportunidade aqui. E tinha. Foi quando resolvi experimentar e fazer a primeira importação. Trouxe um contêiner com camisetas que tiravam a dor. Nessa época nem existia a Vigilância Sanitária.
Como ocorreram as vendas?
Comecei a pensar e achei que a melhor maneira era testando nas pessoas para obter os depoimentos delas. Queria que elas falassem a verdade. Sabia que esse produto tinha que ser vendido a partir do boca a boca e eu, como vendedor, tinha que ficar neutro. Foi então que pensei em fazer um evento em que juntasse comida e palestra. Aluguei um clube japonês no bairro da Liberdade(SP) e comecei a organizar os eventos. Tinha um coquetel, um churrasco, e, em seguida, eu subia no palco e perguntava se as pessoas tinham dor. Metade levantava a mão e eu colocava a camiseta onde as pessoas indicavam que havia algum incômodo: no pescoço, no joelho, no punho…
De que forma a informação era repassada para as pessoas?
Eu seguia o protocolo: ia para o palco e explicava os efeitos comprovados cientificamente pelos tecidos em biocerâmica. A partir do relaxamento muscular, as pessoas iriam aliviar, por exemplo, as dores na região lombar, mãos, punhos, braços e membros inferiores, bem como a melhora do aspecto da pele e da celulite. Minha apresentação durava uns 40 minutos e, quando terminava, eu chamava as pessoas que tinham dito que estavam com dor para subir ao palco e elas começavam a dar os depoimentos. Elas diziam que tinham apresentado melhoras. A informação foi se espalhando no boca a boca e passei a fazer isso todos os dias.
Diariamente? Como o senhor conciliava com sua outra atividade?
Eu comecei a fazer isso no final de 1995 e, no ano seguinte, deixei de trabalhar na empresa de plano de saúde e passei a me dedicar exclusivamente à venda dos produtos. O negócio começou a crescer a partir dos depoimentos dos amigos dos amigos. Era muita gente dizendo que havia melhorado de artrite, de tendinite, de cefaleia, de artrite reumatoide. Chegamos a juntar 300 pessoas nos eventos. Eu montava uma mesa no palco com muitos produtos e, no final das palestras, vendia tudo. Voltava com o carro vazio para casa. Assim foi por cerca de três anos.
Como essas pessoas foram convencidas de que essa tecnologia iria melhorar o bem-estar delas se o senhor mesmo chegou a duvidar?
Sempre tive a preocupação desde o início de comprovar a eficácia e a segurança do produto. Tinha consciência de que era necessário provar que o efeito era atestado cientificamente e que era seguro as pessoas usarem o produto sem qualquer dano colateral. A Invel nasceu em 1999, no mesmo ano em que foi criada a Anvisa. Achei que era necessário registrar os produtos. Fizemos parcerias com vários institutos de pesquisas e laboratórios, porque não tínhamos inicialmente dinheiro para fazer a pesquisa aqui e queríamos também nacionalizar a produção. Queríamos saber, por exemplo, qual era a melhor biocerâmica, qual era a melhor incorporação do tecido, qual o melhor tamanho da partícula…
Esses estudos científicos se mantêm?
Sim. Começamos com as parcerias e há dez anos investimos em estudos clínicos desde a fundação do Instituto Invel de Tecnologia e Pesquisa (IIPT), que foi criado para o desenvolvimento de tecnologia em saúde por meio de testes e estudos clínicos. O instituto conta com o apoio científico das principais universidades, laboratórios e centros de pesquisa, ciência e tecnologia do país, como a Unifesp-Setor Neuromuscular, o Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, da Universidade Chubu do Japão além de pesquisadores de diversas áreas.
Todos os produtos são aprovados pelo Ministério da Saúde?
Todos os nossos tecidos e nossos produtos são registrados na Anvisa e também no Ministério da Saúde do Japão. Temos também o certificado da Comunidade Europeia para vender o produto para o mercado europeu. Também temos a patente no Brasil da tecnologia, porque, mesmo sendo japonesa, aperfeiçoamos e patenteamos ela.
Vocês exportam para quais países?
Japão, EUA, Itália e Indonésia.
E no Brasil, como se dá a distribuição das vendas?
Acabamos de fechar uma parceria para ampliar a distribuição dos nossos produtos com a Àkora Brasil (empresa voltada para pesquisa e desenvolvimento de produtos tecnológicos e ecológicos) para venda direta dos itens em catálogo. Com isso, calculamos aumentar nossas vendas em 20% neste ano.
E no Nordeste?
Estamos começando agora em Salvador com 30 revendedores. Estou indo para lá no dia 27 para fazer um treinamento. Depois de Salvador, pretendemos chegar no Recife. Já iniciamos o processo de seleção dos revendedores.
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