É bastante comum ouvir a resposta onze (!) quando perguntamos a um paciente que sofre de cefaleia em salvas qual a intensidade da dor numa escala de 1 a 10. Esse tipo de dor de cabeça é bem menos comum que a enxaqueca, uma em cada 1000 pessoas, e costuma ser mais forte. Alguns até batem a cabeça na parede de tanto desespero e têm ideação suicida. Infelizmente, ela é subdiagnosticada, e os indivíduos comumente passam décadas sendo tratados como se tivessem enxaqueca.
Salvas porque ela acontece frequentemente em ciclos de dor de cabeça de uma semana a meses e com intervalos de remissão, mas também pode ocorrer de forma crônica sem esses intervalos ou com intervalos menores que três meses. A dor costuma acontecer no mesmo período do dia, como se fosse um despertador que acorda a pessoa na mesma hora, e, em um período de 24 horas, pode ocorrer quase uma dezena de crises intercaladas por períodos assintomáticos ou de dor fraca. Esse padrão temporal é bem característico da cefaleia em salvas, mas ela tem sinais e sintomas bem peculiares, como vermelhidão no olho, lacrimejamento, congestão nasal, todos do mesmo lado da dor de cabeça. Diferente da enxaqueca, que pede repouso, em uma crise de cefaleia em salvas, os indivíduos costumam ficar agitados.
Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Headache mostra que a cefaleia em salvas já se inicia na infância em mais de um quarto das vezes, mas apenas 15% são diagnosticados antes dos 18 anos. Confirma também a maior prevalência entre os homens: 85% dos casos.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
Fonte: Correio Braziliense.
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