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Viver com qualidade apesar da artrite reumatoide é possível graças aos medicamentos modificadores do curso da doença (DMARDs). São medicamentos que bloqueiam a inflamação, impedindo a destruição articular da AR. Existem 3 tipos de DMARDs: os convencionais, os biológicos e os inibidores da proteína janus quinase (JAK).
Os DMARDS atuam suprimindo o sistema imunológico/inflamatório e não possuem efeito rápido. Sua ação é gradativa. Por essa razão é importante ao iniciar o tratamento com DMARDs ter paciência para esperar o seu efeito de controle da doença.
A escolha do DMARDs é uma decisão médica compartilhada com o paciente, levando em consideração o estágio e a gravidade da doença. A prescrição do DMARD é realizada no sentido de usar as armas certas no momento certo. Se a doença tiver uma manifestação branda, o médico pode começar por exemplo pela Cloroquina ou Hidroxicloroquina, seguindo para o Metotrexato e assim por diante, até ser o momento adequado de utilizar os biológicos ou os novos inibidores da janus quinase.
Os DMARDs podem ser usados sozinhos ou associados com outro DMARD. Muitas vezes o médico precisa tentar diferentes combinações até acertar o medicamento e a dose certa.
DMARDS Biológicos
Integram um grupo de medicamentos inovadores, desenvolvidos a partir da engenharia genética, que direcionam sua ação sobre as células responsáveis pelo desencadeamento da atividade inflamatória da artrite reumatoide. Possuem atividade celular específica conforme seu mecanismo de ação, sendo eles:
- Inibidores de fator de necrose tumoral (Anti-TNFs).
- Inibidor de células B (um tipo de glóbulo branco da circulação sanguínea).
- Inibidores de células T (um tipo de glóbulo branco da circulação sanguínea).
- Inibidores de interleucina: incluindo as vias IL-1, IL-6 , IL-12 e IL-23 (um tipo de glóbulo branco da circulação sanguínea).
- Modulador seletivo de co-estimulação.
Medicamentos biológicos registrados no Brasil para o tratamento das doenças autoimune reumáticas | |
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Mecanismo de ação | Medicamentos biológicos disponíveis no Brasil para AR |
Inibidores de Anti-TNF Inibem o fator de necrose tumoral |
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Inibidores de células B |
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Inibidores de interleucina |
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Modulador seletivo de co-estimulação | Abatacepte |
Indicado quando os DMARDs convencionais falharam ou como primeira opção terapêutica para os casos de AR agressiva. Os medicamentos biológicos representam a revolução no prognóstico da AR.
Quando é hora de utilizar os medicamentos biológicos?
A decisão da indicação do medicamento biológico é um critério médico que deve ser compartilhado com o paciente. O melhor medicamento é sempre aquele que possibilita o paciente ter adesão. Estilo de vida, tipo de trabalho e possibilidade de manter o tratamento com aderência deve ser discutido durante a consulta médica.
Medicamentos biológicos devido a sua complexidade de desenvolvimento não existem em forma de comprimido. Eles têm duas formas de administração: endovenosa e subcutânea.
Os biológicos subcutâneos são auto injetáveis e podem ser aplicados pelo próprio paciente, pois as seringas são entregues já preenchidas, possibilitando dessa forma a autonomia na hora de aplicar. Existem biológicos subcutâneos que são aplicados uma vez por semana ou duas injeções por mês (quinzenal).
Os biológicos endovenosos são de uso ambulatorial e devem ser realizados nos centros de infusão especializados em doenças autoimune. Esses medicamentos são realizados através de diluição no soro fisiológico, com o gotejamento controlado por uma máquina chamada bomba de infusão. Esses centros de infusão têm convênios com os fabricantes do medicamento, dessa forma a infusão é paga pelo fabricante através dos programas de apoio ao paciente, pelo SUS ou pelo plano de saúde.
Todos os pacientes usuários de medicamentos biológicos devem se cadastrar no programa de relacionamento do fabricante, uma linha 0800 que cadastra o paciente e o acompanha durante o período de utilização de medicamento, fornecendo ainda amplo material educativo e bolsa térmica para o transporte.
Os medicamentos biológicos não são recomendados durante a gravidez e a amamentação, porém existem pesquisas que apontam o uso seguro do Certolizumabe durante a gravidez.
DMARDS Biossimilares
Medicamentos biológicos são compostos por células vivas (moléculas) e seu desenvolvimento é complexo. O que não permite a criação de versões genéricas, dessa forma quando o registro de um medicamento biológico vence, o fabricante perde o direito de exclusividade no desenvolvimento deste medicamento. Assim surgem os medicamentos biossimilares, aumentando a concorrência e disponibilizando no mercado várias marcas da mesma molécula com preços diferentes.
Medicamentos Biológicos – entenda a diferença entre o nome da molécula e o nome da marca. | ||
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Nome da molécula | Nome comercial | Versão biossimilar |
Abatacepte | Orência | |
Adalimumabe | Humira (Abbvie) |
Amgevita – Amgen Hyrimoz – Sandoz do Brasil Idacio – Fresenius Kabi Brasil Xilbrilada – Wyeth Indústria Farmacêutica |
Certolizumabe Pegol | Cimzia (UCB) | PDP – Astrazeneca |
Etanercepte | Enbrel (Pfizer) |
Bio-Manguinhos Etanercepte Brenzys – Samsung Bioepis Erelzi – Sandoz Nepexto – Mylan Laboratórios |
Golimumabe | Simponi |
Bio-Manguinhos Golimumabe PDP – Merck Sharp |
Infliximabe | Remicade |
Remsima – Celltrion Avsola – Amgen Bio-Manguinhos Infliximabe Xilfya – Wyeth Renflexis – Samsung |
Tocilizumabe | Actemra | – |
Rituximabe | Mabthera |
Bio-Manguinhos Rituximabe – Fundação Oswaldo Cruz Riabni – Amgen Biotecnologia do Brasil Riximyo – Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ruxience – Wyeth Indústria Farmacêutica Truxima – Celltrion Helthacare Distribuição de Produtos Farmacêuticos Vivaxxia – Libbs Farmacêutica |
O primeiro biossimilar aprovado no Brasil foi do Infliximabe, a marca Remicade do laboratório Janssen Cilag que expirou a patente e passou a ter como concorrente o Remsima produzido pela Pfizer do Brasil.
Por se tratar de medicamentos que atuam diretamente no sistema imunológico, apesar de estudos realizados, pessoas em uso de medicamento biológico não devem trocar pelo biossimilar sem a orientação do médico reumatologista. No entanto, pessoas que vão começar a usar medicamentos biológicos podem receber a versão biossimilar. Contudo, a troca a cada fornecimento por marcas diferentes não é recomendado.
Quem começou a tomar uma marca de biológico deve ter resguardado o direito de manter-se nessa mesma marca, enquanto o efeito terapêutico estiver sendo eficaz e seguro, é o que define o Consenso Brasileiro Multi-Institucional de Pacientes sobre Medicamentos Biossimilares.
Os medicamentos biossimilares representam avanço referente ao acesso à terapia biológica devido, especialmente, à competitividade econômica. Todavia, sua utilização deve ser respaldada por exercícios clínicos apropriados – exercício de biossimilaridade –, respeitando a autonomia do prescritor e sempre apoiado em metodologias apropriadas de farmacovigilância.
O Artigo 196 da Constituição Federal preconiza que a saúde é direito de todos e dever do Estado. O Estado deve agir como garantidor do bem existencial de todos os cidadãos. Isso inclui as pessoas que dependem da assistência farmacêutica do Ministério da Saúde, que deve estabelecer as regras de fornecimento dos medicamentos biossimilares, resguardando a segurança, eficácia dos medicamentos biotecnológicos fornecidos no sistema público de saúde. Com o fornecimento dos medicamentos biossimilares no SUS, o paciente deverá ter alguns cuidados, que incluem:
Aspectos que o paciente deve observar ao retirar medicamento biológico nas farmácias de alto custo |
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Verifique e anote em uma caderneta o nome comercial e nome da molécula |
Anote o número de lote do medicamento (será necessário para relatar eventos adversos) |
Na renovação se for entregue medicamento de marca diferente da marca inicial, comunique o seu médico |
Na ocorrência de efeitos colaterais, faça 3 comunicados:
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Desde o ano de 2019, mesmo sem uma política nacional de medicamentos biológicos, o Ministério da Saúde vem fornecendo medicamentos biossimilares. Saiba mais informações no site da Biored Brasil, que milita pela regulamentação da intercambialidade entre medicamentos biotecnológicos. O contato com a Biored Brasil pode ser realizado através do site: www.bioredbrasil.com.br, e-mail: [email protected].
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