Susam afirma que cloroquina está em falta para pacientes que fazem uso contínuo do medicamento
A cloroquina, apontada pelo Ministério da Saúde (MS) como eficaz no tratamento de coronavírus, está em falta no sistema público de saúde para pacientes que fazem uso contínuo do medicamento, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Susam). O órgão informou o aguardo o envio de 50 mil comprimidos do remédio pelo MS para os próximos dias. Pacientes que precisam do remédio para o tratamento outras doenças relataram dificuldades em encontrar o medicamento.
O Amazonas registrou na tarde desta sexta-feira (17) um total de 1.809 casos confirmados do novo coronavírus, com 145 mortes, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Estado (FVS-AM). Em 24h, foram 90 novos casos confirmados do novo coronavírus, conforme a última atualização do órgão.
O medicamento cloroquina, que é tradicionalmente utilizado para tratar doenças como malária, artrite reumatoide, lúpus e doenças que provocam sensibilidade dos olhos à luz, está em falta no mercado. Quem sofre com essas enfermidades já começou a sentir os impactos.
A técnica em Enfermagem Alessandra Rodrigues convive desde 2011 com lúpus, doença inflamatória autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Ela contou que precisa fazer uso da medicação continuamente, para amenizar os sintomas, como febre e dificuldade para respirar.
Há pouco mais de duas semanas, o Amazonas recebeu 11 mil comprimidos de cloroquina para pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus (Covid-19). A remessa, enviada pelo Ministério da Saúde (MS), seria suficiente para 611 tratamentos, considerando que a recomendação de tratamento completo dos pacientes, na sua forma grave, é de 18 comprimidos, segundo a Susam.
Ainda de acordo com o órgão, 81 pacientes passaram e passam por um protocolo de tratamento com o uso de cloroquina no combate ao novo coronavírus. Sobre a falta do medicamento, a secretaria de saúde do estado informou, por meio de nota, que está viabilizando a compra do medicamento o mais rápido possível, e que os fornecedores da cloroquina relataram dificuldades na aquisição do produto no mercado.
Efeitos da Cloroquina
De acordo com o Governo do Estado, somente apenas uma baixa dosagem de cloroquina pode ser usada em pacientes graves com o novo coronavírus no Amazonas. A medida foi divulgada em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (15), após um estudo pioneiro no Estado sobre o uso do medicamento apontar que alta dosagem é muito tóxica para pacientes com a Covid-19 em estado grave.
De 11 pacientes participantes que morreram, sete eram graves e receberam dose alta da medicação. A pesquisa realizada no Amazonas é considerada uma das maiores do País com a aplicação da droga no tratamento de pacientes de Covid-19.
De acordo com os dados do estudo, dos 81 participantes incluídos na pesquisa, um grupo recebeu dose alta de cloroquina, sendo 600mg, duas vezes ao dia por dez dias. O outro grupo recebeu uma dose mais baixa, de 450 mg, duas vezes ao dia no primeiro dia e uma vez ao dia por mais quatro dias.
A Secretaria de Segurança-Pública do Amazonas (SSP-AM) e a Polícia Civil informaram, nesta quinta-feira (16), que investigam ameaças de morte feitas ao médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, Marcus Lacerda. Uma publicação que, segundo o médico, gerou as ameaças, relata que os pesquisadores usaram 81 pacientes contaminados pelo novo coronavírus, como cobaias humanas, e 11 participantes do estudo morreram. No Estado, 124 pessoas já morreram vítimas do novo coronavírus e 1.719 casos foram confirmados, nesta quinta-feira.
O médico Marcus Lacerda, responsável pelo estudo, informou em nota pública, nesta quinta-feira (16), que os resultados da pesquisa geraram repercussões negativas. Na nota, ele informa que um ativista publicou em uma rede social que “o estudo brasileiro era irresponsável e que tínhamos usado os pacientes como cobaias humanas”.
Durante o estudo, os pesquisadores dividiram um total de 81 pacientes com o novo coronavírus em estado grave em dois grupos. Um com testagens de dosagens altas e, o outro, com dosagens baixas de cloroquina. 11 mortes de pacientes foram registradas durante o estudo, sendo 7 em pacientes submetidos a maior dosagem.
Segundo Lacerda, a publicação feita pelo ativista teve grande repercussão e foi veiculada em sites, mídias sociais e veículos de comunicação. O médico afirmou, na nota, que o posicionamento é incorreto, pois todos os requisitos éticos e legais foram seguidos durante a pesquisa.
“A interpretação equivocada do ativista e seus seguidores foi de que todas as mortes ocorridas no estudo se deveram ao uso das altas doses, sendo que nem todos os pacientes usaram a alta dose e todos eles tinham Covid-19 muito grave, vindo a falecer por conta da doença, o que ocorreu dentro da média mundial. Todos os registros estão disponíveis no centro, de acordo com as boas práticas clínicas, seguidas por toda a equipe de profissionais envolvidos no estudo”, disse Lacerda.
Fonte: G1 Amazonas
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