A Sociedade Paranaense de Reumatologia (SPR) está fazendo um alerta para uma doença de difícil diagnóstico, chamada de síndrome de Sjogren (pronuncia-se xêgren). “O alerta está sendo feito porque muitas vezes a investigação desta síndrome necessita de diversos especialistas (como oftalmologista, dentista e reumatologista) para seu reconhecimento. Por se tratar de um desafio diagnóstico, a síndrome muitas vezes é ‘subdiagnosticada’ e seu tratamento não é realizado de maneira adequada, levando a lesão definitiva em alguns órgãos”, explica a reumatologista, Aiessa Zanchett Fedrigo, que é membro da SPR.
Apesar de relativamente rara (a incidência, no mundo, é de 1 a 4 casos para cada grupo de 100 mil pessoas), nos Estados Unidos a estimativa é de que 4 milhões de pessoas, a maioria mulheres (9 entre 10 pessoas com Sjögren são mulheres) tenham essa doença. No Brasil, estima-se que a prevalência seja de 0,17%. A doença muitas vezes pode estar associada a outras doenças reumatológicas como o lúpus, a artrite reumatoide, ou simular outras doenças como a fibromialgia ou a esclerose múltipla.
“Detectar a síndrome nem sempre é fácil, devido ao grande e amplo espectro da doença e à pouca valorização dos sinais e sintomas iniciais. Desta forma não é infrequente a demora de em média 10 anos entre o início dos sintomas, e seu diagnóstico. Entretanto reconhecer a síndrome precocemente e a realização de seu acompanhamento e tratamento são de grande importância para o desfecho clínico dessa população”, explica a reumatologista da SPR.
Ela lembra que apesar da maioria das mulheres diagnosticadas costumam estar na menopausa ou ainda com mais idade, a Sjögren pode atingir crianças e adolescentes e até causar complicações em mulheres grávidas, se não for corretamente tratada. “A síndrome de sjögren é uma doença inflamatória autoimune, que acomete glândulas exócrinas, principalmente salivares e lacrimais, levando a disfunção glandular e sintomas como secura oral e ocular. Outras glândulas como as da pele, vias aéreas e trato genitourinário, podem estar acometidas”, diz a Dra. Aiessa.
O diagnóstico desta doença é feito a partir da observação dos exames de auto-anticorpos, biópsia glandular e alguns testes que avaliam disfunção das principais glândulas acometidas. “Além das manifestações glandulares, cerca de 50% dos casos apresentam envolvimento de outros órgãos e sistemas como cérebro, pulmões, rins e sistema musculoesquelético, caracterizando a doença como uma moléstia sistêmica. Pacientes com sintomas mais graves, acometendo órgão- alvo estão associados a maior morbidade e mortalidade, podendo existir associação com linfoma”, completa Aiessa Zanchett Fedrigo.
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