Miomas são tumores benignos do útero que se originam a partir de células musculares do miométrio. Seu aparecimento e desenvolvimento ocorrem durante o período reprodutivo da mulher, desde a primeira menstruação até a menopausa, podendo aumentar na medida em que os anos passam. Afro-americanas e caucasianas são as que possuem maior prevalência, com idades entre 35 a 50 anos.
Cristina Laguna Benetti Pinto, professora associada do departamento de Tocoginecologia da Universidade Estadual de Campinas e membro da Comissão Científica de Ginecologia da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), explica que não há formas de prevenir ou evitar o aparecimento dos miomas. Porém, alguns estudos mostram que mulheres obesas têm maior suscetibilidade ao crescimento dos tumores. “Desse modo, pode-se dizer que os miomas tendem a aparecer durante os anos em que a mulher menstrua, com aumento da frequência durante o período fértil, regredindo na menopausa.”
Além da obesidade, outros fatores que impulsionam o aparecimento de miomas são: nuliparidade (mulheres que nunca tiveram filhos), cor negra (2,9% de risco maior que brancas) e predisposição familiar (parentes de 1º grau têm maior risco). As menstruações precoces também aumentam a incidência.
A médica também esclarece que os miomas podem ser assintomáticos, portanto não causando problemas ou queixas. “O principal sintoma associado aos miomas é o sangramento aumentado na menstruação. Outros sinais são dor pélvica, cólica menstrual, dor na relação sexual ou na evacuação (menos frequentes). Às vezes são causas de infertilidade”, pontua.
Os miomas podem ser diagnosticados durante exame ginecológico ou de ultrassom. E, entre as possibilidades de tratamento, a principal é a cirúrgica, na qual pode ocorrer a retirada apenas do mioma ou, em último caso, do útero. Há alguns anos, essa cirurgia era realizada por laparotomia, técnica na qual o abdome é aberto por uma incisão parecida com a usada em cesarianas.
“Atualmente, quando possível e disponível, tem-se indicado a cirurgia por laparoscopia, por meio da qual se introduz o equipamento cirúrgico e a câmera através de pequenos cortes. Ou ainda por histeroscopia, que é utilizada quando o mioma cresce para dentro da cavidade do útero. Essas duas técnicas são recentes, mas não podem ser consideradas novidades. O que se tem mais recentemente é a embolização dos miomas, um procedimento minimamente invasivo. No entanto, ele só é indicado quando há dificuldades ou impossibilidade de realização de cirurgia para retirada do mioma por meio das outras técnicas”, explica Cristina.
A ginecologista ressalta que os tratamentos medicamentosos, muitos não disponíveis no Brasil, não fazem os miomas diminuírem de tamanho até desaparecer. “Não são tratamentos para a cura. O único objetivo deles é controlar o sangramento, muitas vezes evitando o procedimento cirúrgico. Exemplo são diferentes tipos de pílulas ou outros métodos anticoncepcionais hormonais, além de medicamentos que também reduzem o volume de sangramento”, finaliza.
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