Todos sabem o poder revigorante de uma boa noite de sono. Dormir bem é um fator crucial para os processos de cura e regeneração do corpo e sua privação pode interferir na recuperação de doenças, agravando a condição da dor e levando a um quadro de fadiga, que reduz a capacidade do paciente de lidar com a situação. Especialistas afirmam que a relação entre dor crônica e sono é complexa e frequentemente resulta em um ciclo vicioso, no qual a dor interfere no sono e a falta de sono adequado intensifica a própria percepção da dor.
A qualidade do sono pode ser afetada significativamente por dores crônicas em ossos, articulações e músculos resultando em um sono superficial e não reparador. Devido ao desconforto físico, os indivíduos passam a ter dificuldade para adormecer e apresentam despertares frequentes durante a noite. Muitos pacientes acabam desenvolvendo insônia, com dificuldade de iniciar ou manter o sono. A falta constante de sono reparador pode aumentar a sensibilidade à dor e também aumentar a inflamação, piorando os sintomas dolorosos em pacientes com condições inflamatórias reumatológicas. O problema afeta entre 30% e 50% dos pacientes reumáticos e em algumas doenças como a fibromialgia o número pode chegar a até 90% dos casos.
Segundo o reumatologista Roberto Heymann, membro da Comissão de Dor, Fibromialgia e outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o tratamento dos problemas associados ao sono não se resume a tomar medicamentos e devem ser associados a algumas atividades e mudanças de hábito. “É necessário implementar uma higiene do sono, estabelecendo uma rotina consistente e criando um ambiente propício para dormir, como um quarto silencioso e escuro, sem estímulos visuais como TV e outras telas”, alerta o especialista.
Para ele, o reumatologista tem um papel importante no tratamento da dor e também deve estar atento a esses possíveis distúrbios de sono em seus pacientes. “Medicamentos podem ajudar a melhorar a qualidade e a iniciação do sono, mas devem ser prescritos com cuidado. Técnicas de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental podem ser eficazes tanto para melhorar o sono quanto para manejar a dor”, completa ele. Também alerta ser importante excluir a possibilidade de distúrbios específicos, como apneia do sono e movimentos periódicos involuntários dos membros inferiores, pois estes necessitam de tratamento específico.
O assunto foi abordado pelo reumatologista Dr. Roberto Heymann, durante o 41° Congresso Brasileiro de Reumatologia, na mesa redonda Dor Crônica além dos fármacos – Discutindo a relação desordens do sono e dor crônica.
Doenças reumáticas no Brasil
Estima-se que as doenças reumáticas já afetam mais de 15 milhões de brasileiros. Em geral, provocam muitas dores nos pacientes e representam uma das maiores causas de afastamento do trabalho e de aposentadorias por invalidez. Entre as principais doenças reumáticas estão Artrite Reumatoide, Osteoartrite/Artrose, Espondiloartrites, Artrite Psoriásica, Lombalgia, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Fibromialgia, Osteoporose, Gota, Febre Reumática, Vasculites, Doença de Sjögren, Doença de Behçet e Esclerose Sistêmica (ES). Cada doença tem sua característica. A artrite reumatoide, por exemplo, é uma doença crônica e ocorre quando há uma alteração do sistema imunológico, que ataca as articulações.
Sobre a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) é uma associação civil científica de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 15 de julho de 1949, na cidade do Rio de Janeiro, pelos médicos Herrera Ramos, Waldemar Bianchi, Pedro Nava, Israel Bonomo, Décio Olinto e outros, tendo mantido desde então sua tradição científica, acompanhando e promovendo o desenvolvimento da especialidade no Brasil e com um importante papel também internacional, especialmente entre os países da América Latina. Filiada à Associação Médica Brasileira, conta em torno de 2 mil associados, congrega 26 sociedades regionais estaduais, assessorias e comissões científicas e representações em associações nacionais e internacionais e junto ao Ministério da Saúde.
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