Universidade Federal de São Carlos é a primeira instituição a oferecer o programa de educação continuada sobre dor, Change Pain, aos alunos de graduação em Medicina.
Iniciativa reflete necessidade brasileira: 70% da população sofre com dor. Maioria não consegue tratamento adequado.
Apesar de ser considerado o quinto sinal vital, a dor ainda é subdiagnosticada e subtratada. Para capacitar a classe médica e profissionais da área da saúde, a Grünenthal, empresa alemã especializada em terapias para dor, desenvolveu o Change Pain, um programa de educação continuada focado na área de dor. O curso online de dor acaba de ser incorporado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), considerada uma das principais escolas públicas do País. A disciplina será facultativa para os graduandos de Medicina por meio de um projeto de extensão. Para os residentes do programa de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, o programa será obrigatório e fará parte da grade curricular. “De acordo com pesquisas, 70% da população brasileira busca o serviço médico devido à dor. É um percentual alarmante”, pondera Raquel Macedo, diretora da área Médica e Compliance da Grünenthal do Brasil.
O tema foi apresentado durante seminário realizado em São Carlos (SP), no auditório da Unimed, no sábado (22). Na ocasião, especialistas discutiram o cenário brasileiro da dor. “A dor permeia a vida do médico no dia a dia nas mais variadas especialidades. Ela é definida com uma sensação subjetiva com um caráter extremamente individual – cada um sente e percebe a sua dor de uma maneira própria. A crônica, de uma maneira geral, afeta cerca de 15 a 20% da população mundial – com variações entre países. É um percentual elevado. A dor é um problema de saúde pública, ao qual precisamos dar atenção”, explica dr. João Batista Garcia, médico especializado em dor e cuidados paliativos e doutorado em Medicina na área de Dor pela Universidade Federal de São Paulo – que deu um overview sobre o cenário da dor no Brasil, na América Latina e no mundo.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor é a dimensão silenciosa dos doentes que sofrem de uma doença sistêmica, causando, além do sofrimento em si, perda na qualidade de vida. Para a dra. Sandra Caires Serrano, pediatra e neurologista responsável pelo Serviço de Cuidados Paliativos do Departamento de Dor e Cirurgia Funcional do hospital A.C. Camargo Cancer Center, tratar a dor não é só uma questão humanitária. “Qualquer iniciativa a favor do melhor atendimento e educação sobre cultura de dor e cuidados paliativos em medicina e na área da saúde em geral, é prioridade – ainda mais quando temos alunos que querem aprender. Os pacientes têm o direito ao melhor tratamento possível”, ressalta a especialista.
O Change Pain é um projeto educacional global que nasceu na Europa com o objetivo de ampliar o conhecimento dos profissionais de saúde, aprimorar o manejo da dor (diagnóstico e tratamento) e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Hoje, os alunos de Veterinária têm mais aulas sobre manejo de dor do que os de Medicina. Precisamos capacitar os médicos para mudar esse atual cenário no Brasil. Para isso acontecer, o primeiro passo é buscar ferramentas que nos ajudem a ampliar, de forma prática, o conhecimento dos estudantes”, explica o dr. Rodrigo Reiff, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor adjunto do curso de Medicina da UFSCar e coordenador do programa de residência em Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa. Atualmente dividido em 12 módulos e com aproximadamente 12 horas de duração, seu conteúdo contempla, entre outros temas, a comunicação entre médico e paciente, o diagnóstico correto da dor, como evitar que ela se torne crônica, a avaliação dos mecanismos de dor para facilitar a abordagem terapêutica correta e o uso correto de opioides.
Desenvolvido pela Grünenthal, em colaboração com diversos especialistas no manejo da dor, o Change Pain é validado pela Federação Europeia de Associações Internacionais para o estudo da dor (Efic) e recebeu aval, na América Latina, de diversas sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).
Fonte: Segs
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