Apreensão é o principal sentimento que tem feito companhia para Giselly Fortes, de 38 anos. Até o próximo domingo o medicamento do filho D.L., de 4 anos, ainda está garantido. Mas dali adiante a dona de casa não sabe como vai fazer para evitar as crises convulsivas. O remédio não está disponível na Farmácia de Alto Custo da Capital. Cada caixa de Levetiracetam 100 mg/ml pode custar até R$ 300 e são seis caixas por mês.
Giselly conta que ao tentar buscar o medicamento na terça-feira (4), foi informada que não havia o produto. A mesma resposta foi dada com relação ao Clobazam 10 mg. Este, desde setembro de 2021 não tem sido distribuído pela Farmácia de Alto Custo, segundo a mãe da criança. À época, Giselly fez a denúncia ao LIVRE. Desde então, tem adquirido o remédio por conta própria para garantir que o filho consiga dormir tranquilamente sem as contrações musculares.
“Esses são remédios que só consigo comprar com receita médica, pago R$ 500 por consulta. Quando passa o mês e não teve como pegar o medicamento, perco a receita”, comenta.
Falta é rotina
Em busca da quinta caixa de Rivastigmina 18mg, a aposentada Ana Beatriz Müller, de 65 anos, teve a mesma resposta de meses anteriores: o remédio ainda não está disponível.
O medicamento é usado pela mãe de Ana Beatriz, uma idosa de 92 anos e portadora de Alzheimer e a auxilia na deglutição dos alimentos. O último adesivo foi utilizado em 2 de janeiro, desde então, a família aguarda para pegar uma nova caixa.
Ana Beatriz relata que esteve na Farmácia de Alto Custo nesta semana e foi informada por funcionários que uma caixa de remédios chegou, mas que eles precisariam confirmar se o medicamento veio. Depois, a aposentada foi avisada que o Rivastigmina não estava entre os produtos entregues.
“Sempre tem problema, todo mês não tem a medicação, dizem que o Ministério da Saúde não entregou. Falta muita organização ali dentro”, avalia.
Deixa a desejar
Giselly e Ana Beatriz reclamam ainda do trato que os funcionários têm tido com os pacientes que vão até a Farmácia de Alto Custo. A aposentada relata que há servidores que ficam apenas mexendo no celular ou sentados sem fazer nada.
A mãe de D.L., por sua vez, critica a demora em responderem os questionamentos enviados pelo aplicativo Whatsapp.
O que diz a Secretaria de Estado de Saúde?
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que os medicamentos Levetiracetam 100mg/ml e Rivastigmina 18mg são adquiridos pelo Ministério da Saúde e a Pasta aguarda a regularização dessa aquisição. Também está em fase de compra o Clobazam 10mg, já o clobazam 20mg tem estoque regular.
Leia a nota na íntegra.
“A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), por meio da Farmácia Estadual, informa que as medicações levetiracetam 100mg/ml e rivastigmina 18mg são adquiridas e entregues aos Estados pelo Ministério da Saúde. O estoque dos compostos na Farmácia Estadual finalizou em dezembro de 2021. A SES aguarda a regularização do envio dos medicamentos por parte do Governo Federal, previsto para ocorrer ainda no mês de janeiro de 2022.
Com relação ao composto clobazam 20mg, a pasta esclarece que o estoque está regular na unidade especializada de saúde. Já o medicamento clobazam 10mg está em processo de aquisição pelo órgão estadual.
A Secretaria ainda ressalta que prioriza um atendimento respeitoso aos usuários dos serviços prestados pelas unidades de saúde estaduais e, diante de qualquer atitude divergente do preconizado, o órgão estadual tomará as medidas cabíveis.”
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