A Polícia Militar foi chamada para conter uma confusão entre pacientes da farmácia de alto custo, na Asa Sul, em Brasília, na manhã desta quarta-feira (21). O bate-boca começou porque apenas cem pessoas conseguiram senhas de atendimento. Segundo a PM, ao menos 400 pessoas aguardavam do lado de fora da farmácia – algumas estavam na fila desde as 21h de terça. O atendimento foi prejudicado em função da greve dos servidores – apenas 30% do efetivo estava trabalhando.
A dona de casa Joana D’Arc, de 45 anos, foi até a farmácia de alto custo da 102 Sul pegar um remédio para o tratamento de lúpus da filha de 22 anos. Ela veio de Planaltina às 5h40 e não conseguiu uma senha, que começou a ser distribuída às 8h. “Acordei de madrugada e vim cedo pegar a medicação. Disseram que não tinha mais senhas pois muitas pessoas dormiram aqui. Acho um absurdo essa saúde do Distrito Federal. O governador deveria olhar mais para nós, ele piorou a cidade.”
Segundo Joana, a falta de medicamento piora as condições de saúde da filha em curto espaço de tempo. “Os órgãos dela ficam comprometidos, ela passa a sentir dores. Vou ficar aqui até quando der, espero que tenham boa vontade. Se não conseguir, volto às 20h para dormir [na fila] e assim conseguir o remédio.”
Os servidores distribuíram 50 senhas para atendimento pela manhã e outras 50 para a tarde. O garçom Adalton Barbosa, de 45 anos, chegou às 3h para buscar um remédio de asma para o filho. “Graças a Deus consegui uma senha para a parte de tarde, sou o número 22. Infelizmente, tenho pena de outras pessoas que não conseguiram. É direito do cidadão ter saúde.”
Segundo Barbosa, a Polícia Militar foi chamada porque pacientes que chegaram mais tarde estavam tentando furar a fila. “Se eu acordei cedo, por que elas também não podem? Um remédio de asma chega a custar R$ 90 em farmácias. Não tenho essa condição financeira. Na minha opinião, cada cidade deveria ter uma farmácia de alto custo. Os remédios podiam ser disponibilizados nos postos. Iria facilitar a vida da população.”
A costureira Elenice Lopes, de 45 anos, saiu do Itapoã às 5h para conseguir uma medicação de combate ao lúpus. De muletas e com um machucado devido às sessões de hemodiálise, ela conseguiu uma senha para o período da tarde.
“O remédio chega a custar R$ 3 mil em uma farmácia comum. Temos que nos sacrificar pra conseguir a medicação gratuita. É uma vergonha ter que esperar com dor por um direito nosso. Agora, nem sei que horas vão me chamar e nem sei quando chego em casa”, disse.
A empregada doméstica Neide Maria, de 48 anos, veio da Bahia para pegar um remédio para depressão e transtorno bipolar. Ela chegou na rodoviária às 4h30 mas teve que esperar o metrô às 6h. “Vi gente desmaiando de fome. É uma falta de respeito. Não consegui uma senha e não vou sair daqui até pegar uma medicação. Sem ela, fico ansiosa e bastante nervosa.”
Fonte: G1 DF
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