A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica e autoimune, que atinge o tecido conjuntivo de múltiplas articulações do corpo como coluna vertebral, ombros, quadril, joelhos, tornozelos, punhos e dedos.
Pode afetar também os órgãos internos como o coração, pulmões e rins. Pode afetar apenas uma articulação (Monoartrite) ou a inflamação pode acometer várias articulações (Poliartrite). A artrite pode ser simétrica, quando acomete simultaneamente duas articulações, como por exemplo, os joelhos.
Apesar de não se conhecer totalmente as causas da doença, que afeta duas vezes mais as mulheres do que os homens entre 50 e 70 anos e, tampouco, os recursos para a cura definitiva, é possível obter a diminuição dos sintomas e preservar a capacidade funcional dos portadores da patologia. Para saber como, precisamos, antes de mais nada, entender mais a fundo o quadro.
Entendendo a Artrite Reumatoide
Uma característica típica da inflamação articular da artrite reumatoide é o acometimento da sinóvia (tecido cheio de líquido que localiza-se no centro das articulações), que tem a função de diminuir o atrito entre os ossos, como uma espécie de óleo lubrificante.
O Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu critérios para Artrite Reumatoide. Para se fechar o diagnóstico, o paciente precisa ter pelo menos quatro dos sete critérios abaixo:
1- Rigidez matinal: rigidez das articulações ao acordar com duração de pelo menos 1 hora.
2- Artrite em pelo menos 3 articulações simultaneamente.
3- Artrite de mãos e punhos
4- Artrite simétrica
5- Nódulos subcutâneos
6- Fator reumatoide (FR) positivo em análise de sangue.
7- Alterações típicas de AR nas radiografias de mãos e punhos
Desses sete critérios, de um a quatro devem estar presentes por pelo menos 6 semanas. Esses critérios só servem para pacientes com doença plenamente estabelecida. Como já foi dito, no início do quadro, esses achados podem não estar presentes.
Tratamento de Artrite Reumatoide: medicamentos
A terapia com drogas é o principal tratamento da artrite reumatoide. Existem quatro classes diferentes de medicamentos que podem ser usados, de acordo com a gravidade do caso:
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINES);
- Drogas anti-reumáticas modificadoras de doença (DMARDs);
- Modificadores da resposta biológica;
- Corticoides.
A pulsoterapia é uma conduta médica, geralmente em momentos de “crises” ou “surtos” da doença. É uma imunossupressão forte que tem como principal objetivo neutralizar os efeitos da doença, buscando a estabilização da crise. É a administração de altas doses de corticóide, através da veia. Por um curto período. O corticoide utilizado na Pulsoterapia é o Solumedrol (Metilprednisolona) a dose varia de 1000 mg/dia em 3 dias ou 5 dias.
O calor no tratamento da artrite reumatoide deve ser adotado quando houver dor aguda e sinais de inflamação. Promovendo o alívio da dor e relaxamento dos músculos. A medida é especialmente indicada para tratamentos realizados logo pela manhã ou em dias mais frios, períodos nos quais a musculatura tende a ficar mais tensa, agravando os sintomas.
Já o uso do gelo, por sua vez, é também uma boa alternativa para o alívio da dor causada pela artrite reumatoide. No entanto, ele só deve ser empregado após a prática de exercícios extenuantes, o que deve ser evitado sempre que possível.
O tratamento não medicamentoso inclui exercícios físicos controlados, Fisioterapia e orientação nutricional para se evitar sobrepeso e controlar o colesterol.
A importância da Fisioterapia no tratamento da artrite reumatoide também se dá pela reeducação postural, pela melhora da função muscular e articular e pelo aumento da força e da flexibilidade, o que se alcança com a realização de exercícios específicos e individualizados. Durante o tratamento fisioterápico, é indispensável a mobilização articular passiva em cada articulação afetada pela doença.
Também é preciso lembrar que, apesar de os exercícios serem importantes e necessários, eles não devem se tornar extenuantes. As atividades devem ser realizadas somente com indicação médica e orientação de profissional especializado.
O Pilates na artrite reumatoide
O Pilates proporciona um aumento da força no centro do corpo, melhorando o equilíbrio, o controle postural, previne as dores e ajuda na melhora dos movimentos diários e da coordenação. Além disso, os exercícios são de baixo impacto nas articulações e melhoram a mobilidade. Dessa forma, os movimentos do dia a dia se tornam mais eficientes.
O método trabalha com exercícios de alongamento e alinhamento corporal, proporcionando fortalecimento da musculatura articular e o adequado ganho de flexibilidade, evitando o excesso de movimento e privilegiando as cargas moderadas.
No período de picos dos sintomas, os objetivos das aulas devem ser voltados à mobilização articular, mantendo os cuidados para evitar o cansaço e a sobrecarga articular. O aluno realizará os exercícios de forma lenta evitando que os sintomas se intensifiquem.
Quando as dores e os inchaços diminuírem passando o período da crise, a prescrição dos exercícios de Pilates podem progredir aos poucos, sem exageros, com a possibilidade de realizar também nesse momento o equilíbrio muscular através da força e flexibilidade dos músculos debilitados, de forma que as articulações sejam preservadas.
Além disso, devemos trabalhar a consciência corporal, preparando o indivíduo para as atividades diárias. – já que o trabalho de consciência corporal, somado as capacidades físicas em uma estrutura corporal equilibrada, resulta em um padrão de movimento mais econômico e eficiente, evitando gasto de energia excessivo protegendo assim as articulações durante as atividades da vida diária.
Os exercícios são realizados com molas que promovem uma resistência progressiva ao movimento, iniciando sempre com cargas menores, respeitando o limiar de dor e amplitude de movimento. O uso das molas associado ao alongamento axial minimiza a compressão articular e sobrecarga podendo assim realizar um trabalho de fortalecimento muscular seguro.
Objetivos do Pilates: restaurar mobilidade articular, melhorando a lubrificação diminuindo a rigidez, manter a articulação funcional e estável evitando as deformidades, diminuição da retração muscular, reeducação postural, consciência corporal e treino de AVD’s.
Para isso podemos trabalhar no Pilates: exercícios que promovam mobilidade e flexibilidade para os músculos tensionados e articulações com restrição de ADM (alongamentos), fortalecimento muscular que pode iniciar com exercícios isométricos evoluindo para os excêntricos, exercícios corretivos para os padrões de movimentos funcionais. Podendo evoluir para exercícios mais desafiadores sempre respeitando as fases da doença.
Durante eventuais crises agudas, as aulas devem ser ajustadas ou suspensas até a liberação do profissional da saúde responsável.
Conclusão
O paciente que tem artrite reumatoide deve sempre estar buscando como melhorar seu quadro, e o Pilates pode ser um grande aliado na busca de tratamentos, pois fortalece a musculatura necessária para se tratar.
Também é muito importante que haja conhecimento do profissional da saúde e mais importante, um feedback entre aluno e instrutor em relação à sensação dos exercícios, facilitando a adaptação de um programa correto de exercícios.
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Boa tarde Priscila.
Estou acompanhando seus artigos desde que descobri que estou com AR(Set/2018).
Hoje me surpreendi ao ler nesse artigo sobre Pilates, onde você afirma que a AR pode afetar o coração.
Minha reumatologista me garantiu que não!
Você pode me indicar suas fontes para essa sua afirmação?
Obrigada.
Adriana
Adriana, este texto é um artigo compartilhado em nosso blog, eu li o artigo e não encontrei a menção de problemas de coração. Por favor, pode me apontar”?
Sobre o risco cardíaco, ele é levemente aumentado em pacientes com artrite reumatoide, mas com uma vida saudável, praticando atividade física e com alimentação saudável, essas chances tornam-se de fato nulas. Não se preocupe com isso, coloque foco no seu tratamento.