Durante os últimos dias, muito tem se falado sobre fibromialgia. Essa síndrome se manifesta clinicamente como dores no corpo, que podem vir acompanhadas de queixas de alguns sintomas, dentre eles fadiga, alterações na concentração e na memória, presença de sono não reparador e alterações de humor. Uma das grandes dificuldades no diagnóstico e aceitação do paciente fibromiálgico é a ausência de um exame específico que comprove a existência da dor, e isso pode trazer fortes implicações na percepção que algumas pessoas desenvolvem sobre a doença.
Infelizmente, os pacientes com fibromialgia muitas vezes precisam conviver, além dos sintomas físicos, com a desconfiança de familiares ou de pessoas próximas. Por essa razão, é preciso entender que a fibromialgia é um problema de saúde de grande relevância, que pode comprometer seriamente a qualidade de vida e necessita de atenção profissional.
Um ponto importante é que, além das queixas de dor generalizada, estudos recentes têm demonstrado que a presença de fibromialgia pode favorecer o aparecimento de outros problemas de saúde, como por exemplo a Disfunção Temporomandibular (DTM).
Segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, as disfunções temporomandibulares correspondem a um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (articulação que liga a mandíbula ao crânio) e estruturas associadas. Os sintomas mais frequentemente relatados pelos pacientes com DTM são: dores na face, ATM e/ou músculos mastigatórios, dores na cabeça e na orelha.
Vários estudos têm demonstrado que a presença de fibromialgia aumenta a probabilidade do indivíduo apresentar DTM. Um estudo realizado por pesquisadores da University of Minnesota avaliando 485 indivíduos durante 18 meses de acompanhamento demonstrou que a presença de fibromialgia desempenha um papel significativo no início e persistência DTM, o que reforça a necessidade de uma atenção conjunta no tratamento dessas diferentes condições dolorosas.
Pesquisas abordando a prevalência de sinais e sintomas entre indivíduos com fibromialgia e indivíduos com DTM comprovam que a disfunção temporomandibular é mais frequente em pacientes com fibromialgia (47% – 87%) do que a fibromialgia em pacientes com DTM (10% – 18,4%).
Ambas as condições, fibromialgia e DTM, requerem atenção profissional para o controle de forma individualizada. É possível que em alguns casos seja necessário o emprego de medicações específicas para o controle da dor, exercícios para alongamento e fortalecimento muscular, técnicas de relaxamento, mudanças comportamentais e a adoção de hábitos saudáveis para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Sobre Dra. Naila Machado: Cirurgiã Dentista, Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, Mestre em Clínica Integrada, Doutora pela USP (Bauru), Membro da Sociedade Brasileira de Dor Orofacial – SBDOF e Integrante do Bauru Orofacial Pain Group. CROMG. no. 35.495
FONTE:
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