Rio de Janeiro, Março de 2022 – Pacientes que sofrem com Asma Grave, a forma mais severa da doença , relatam que realizar o diagnóstico desta enfermidade não foi tão simples. O caminho percorrido foi demorado e só chegou após vários exames clínicos, troca de terapias e consultas com vários médicos.
Para a presidente da Associação Brasileira de Asma Grave (ASBAG), Raissa Cipriano, “a falta de informação e o direcionamento tardio para um especialista são obstáculos na jornada do paciente com Asma Grave”. Infelizmente, adultos levam em média quatro anos até chegarem ao seu diagnóstico definitivo e crianças chegam a levar um ano.
G.C., 8 anos, filha de Raissa, sofria com os sintomas desde os primeiros meses de vida, mas só recebeu o diagnóstico de Asma Grave aos 2 anos de idade. “Passamos por vários médicos, inúmeras crises, 32 internações e necessidade de uso constante de oxigênio. Foi apenas com 4 anos que ela recebeu o tratamento adequado. Hoje, tem uma vida normal, corre, brinca, vai à escola, mas antes se cansava para falar, para ir do sofá da sala ao banheiro e não conseguia alcançar a irmã mais nova nas brincadeiras”, conta Raissa.
O relato acima mostra que ainda há muito desconhecimento por parte dos pacientes sobre os tipos de asma e as formas mais eficazes de terapia. A asma é considerada grave, ou severa, quando o paciente continua apresentando sintomas e crises mesmo usando regularmente doses elevadas de corticoide inalatório com outra(s) medicação(ões) de controle associada(s)¹.
“Asma Grave é aquele tipo da doença que não está controlada, apesar de o paciente se medicar com doses máximas preconizadas de broncodilatadores e de corticoides inalatórios. Neste caso, fica indicada a utilização de medicamentos imunobiológicos para que se possa estabelecer o controle da doença ²“, explica Antônio Condino Neto, médico e professor Titular do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Diagnóstico demanda exames clínicos
Outro ponto levado em conta durante o diagnóstico é a frequência nas internações, que muitas vezes podem necessitar de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A Asma Grave pode se desenvolver em qualquer idade³.
Pacientes com Asma Grave geralmente demonstram redução significativa de sua função pulmonar quando submetidos a um exame de espirometria. Apesar da espirometria ser importante, o exame clínico aliado ao histórico do paciente são suficientes para se estabelecer o diagnóstico¹. O asmático grave frequentemente também recebe a prescrição de corticoides orais para complementar seu tratamento, o que pode trazer consideráveis efeitos adversos para a sua saúde4. Por estas razões, pneumologistas alertam sobre a importância de estar acompanhado por um especialista.
Atualmente os pneumologistas contam com a possibilidade de prescrever imunobiológicos para pacientes com Asma Grave. Os imunobiológicos são terapias alvo-específicas que mudaram o manejo de várias doenças inflamatórias crônicas, caso da Asma Grave7,8. De última geração, esses medicamentos conseguem oferecer uma solução terapêutica para os casos da doença que não respondem ao tratamento convencional9.
Além disso, os imunobiológicos possibilitam ao paciente um tratamento menos nocivo à saúde já que o uso de corticoides orais por muito tempo pode provocar efeitos colaterais importantes no organismo 10. Doenças metabólicas como obesidade e diabetes, aumento da pressão arterial, problemas oculares, osteoporose, retardo de crescimento em crianças, alterações no sistema imunológico e até mudanças de comportamento, são alguns desses efeitos 10.
Hoje, com os tratamentos imunobiológicos, as pessoas que sofrem de Asma Grave podem melhorar sua qualidade de vida ao voltarem a realizar atividades simples, antes restritas por conta da doença, tais como caminhar, praticar exercícios e etc.
“Nós dispomos de uma diversidade de medicamentos e modalidades de tratamentos, que permitem que uma pessoa com Asma Grave possa controlar sua doença e ter uma vida normal”, explica o professor e doutor Condino Neto.
Referências:
1. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Acesso em 10 de janeiro de 2022.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Emescam Cartilha Asma. . Acesso em: 09/09/2021
3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Acesso em 10 de janeiro de 2022.
4. AAAAI (American Academy off Allergy Ashtma e Immunology). Acesso em 17 de janeiro de 2022.
5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Emescam Cartilha Asma. Acesso em: 09/09/2021.
6. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Acesso em: 10 Fevereiro 2022.
ANTONICELLI, L., et al. Asthma severity and medical resource utilization. European Respiratory Journal, 23- 34: 723-729, 2004.
7. CHUNG, KF. et al﹒International ERS/ATS guidelines on definition, evaluation and treatment of severe asthma. Eur Respir J, 43(2):343-73, 2014
8. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Acesso em: 10 Fevereiro 2022
9. Asthma Australia. What treatments are used for severe asthma? Acesso em: 10 Fevereiro de 2022.
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