Os pacientes com Lúpus e demais doenças autoimunes relatam que estão há mais de dois meses sem conseguir dar continuidade correto ao tratamento porque o remédio hidroxicloroquina está em falta no mercado farmacêutico. Esse é o caso da Maria do Socorro Silva, portadora de Lúpus, que já percorreu por diversas farmácias, inclusive as manipuladas, sem encontrar o medicamento. Ela faz um apelo pelo remédio.
“Eu sou uma pessoa que precisa dessa medicação, da hidroxicloroquina. Eu já faço uso ela há quatro anos. No momento, há exatamente dois meses, ela sumiu das farmácias. A gente não consegue encontrar. Até nas farmácias de manipulação não estão mais recebendo (pedido) porque não tem o material para fabricar esse remédio. Eu não posso ficar sem essa medicação”, diz Maria do Socorro.
O médico Mario Sergio Santos, também professor de reumatologia da Universidade Federal do Piauí, explica que esse remédio é usado para tratamento do Lúpus desde a década de 60.
“A partir da década de 60, a hidroxicloroquina ou a cloroquina passaram a fazer parte do arsenal de tratamento do Lúpus. É um coringa, usado para tudo nos lúpus, é de fundamental importância no tratamento dessa doença. Depois, só para deixar mais claro, o uso de cloroquina no âmbito das doenças autoimunes, nós não vamos falar do uso em Covid porque não é essa a nossa experiência”. Ele também cita o uso da hidroxicloroquina no tratamento de artrite reumatoide.
Mário Santos destaca os prejuízos que a falta desse medicamento pode causar aos pacientes com doenças autoimunes. “O paciente que deixar de usar a cloroquina a gente tem certeza que a doença que estava controlada vai ficar ativa. Isso é uma coisa absolutamente previsível: parou de usar a cloroquina a doença retorna nos seus diferentes aspectos: na pele, nas juntas, nos rins, no sistema nervoso central, no sangue etc.”.
“Tem outra coisa que é importante destacar: a cloroquina não é importante só para o Lúpus em si, mas é importante para as comorbidades que acompanham o Lúpus como, por exemplo, as alterações cardiovasculares. Os pacientes com Lúpus têm o risco aumentado para desenvolver eventos cardiovasculares”.
O médico alerta que “privas os pacientes de Lúpus dessa droga é provocar um prejuízo inestimável. Essa droga é de uso contínuo. O paciente não pode prescindir do uso da droga. O paciente (a depender do caso) pode tomar em dias alternados. Ela é dose dependente e tempo dependente “.
Fonte: Panorama Farmacêutico
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