A US Preventive Services Task Force publicou recentemente uma revisão sobre medidas para estimular a perda de peso em pacientes com obesidade, seja com medidas comportamentais ou farmacológicas. Além de avaliar a perda de peso, também foi analisada a manutenção da perda de peso. Entende-se por perda de peso relevante quando há redução de 5% ou mais do peso corporal anterior.
As medidas comportamentais incluíam programas orientados de exercício físico, orientações dietéticas e uso de aplicativos de celular com mensagens que estimulassem a adesão e educação dos pacientes. Os profissionais envolvidos nessas medidas eram principalmente médicos da atenção básica ou então equipes multiprofissionais, que incluíam educadores físicos, psicólogos e nutricionistas. Entretanto, observou-se que a maior parte dos participantes desses estudos tinha alto grau de instrução além de pertencerem às classes média e média alta. A adesão foi boa em todos os estudos analisados, com dois terços dos pacientes chegando ao final do estudo (o tempo de duração de todos eles variava de 12 a 24 meses).
A perda de peso era maior quando medicação era acrescentada às medidas comportamentais, assim como a manutenção dessa perda, porém havia poucos dados que mostrassem como ocorreria o seguimento do paciente após interromper a medicação. A incidência de acidentes cardiovasculares não teve grande diferença entre grupo controle e de intervenção, porém merece destaque a redução na incidência de diabetes em grupos de risco (pacientes com história familiar, diabetes gestacional o síndrome metabólica). Nessa população, o NNT para evitar o surgimento da doença em três anos chegou a 6,8. Para redução de pelo menos 5% do peso corporal após 12-18 meses, o NNT encontrado foi 18 (também para grupos apenas com intervenção comportamental).
Nos grupos submetidos a medicamentos, os mais usados foram topiramato, liraglutida, orlistate, lorcaserina e bupropiona. Percebeu-se maior número de pacientes que abandonaram o estudo, e assim como entre os pacientes submetidos apenas a mudança comportamental, não foi observada redução significativa na incidência de acidentes cardiovasculares. Não apenas a perda de peso foi maior, mas a manutenção da perda de peso também, quando comparado ao grupo placebo.
Cabe destacar os riscos de cada tipo de terapia, onde entre pacientes submetidos a medidas comportamentais podemos encontrar maior risco de lesões musculoesqueléticas, mas os estudos que pesquisaram os riscos mostraram resultados conflituosos para tal. Entre os pacientes submetidos à terapia farmacológica foi encontrado maior índice de efeitos colaterais, como desconforto gastrointestinal, tontura e pancreatite, porém efeitos adversos graves não foram estatisticamente relevantes.
A USPSTF considera o rastreio de sobrepeso e obesidade na população adulta como recomendação nível B.
Autor: Luma Beatriz Peril
Graduação em Medicina pela UFRJ ⦁ Residencia em Medicina de Família e Comunidade pela SMS – Rio.
Fonte: PEBMED
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