Com o surto de sarampo, pacientes reumatológicos precisam redobrar atenção e manter vacinação em dia
Nos últimos meses, um dos assuntos de destaque na área da Saúde foi a vacinação. Uma das perguntas que ficou no ar foi: por que ainda temos essas doenças imunopreveníveis, como o sarampo, se há vacina contra elas? A resposta é simples, porque há baixa cobertura vacinal no País. Ou seja, por conta de mitos e fakes news, muitas pessoas não procuram se vacinar, deixando de cumprir com o calendário de vacinação recomendado pelo Ministério da Saúde e diversas associações médicas.
Essa atitude põe em risco toda a população, principalmente, as crianças e pessoas que não podem se vacinar, como os pacientes com imunodepressão. O tema, que é polêmico e bastante importante para a saúde coletiva, foi destaque no Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em setembro de 2018.
Fake news prejudicam a vacinação
“Quando a gente tem a maioria da população suscetível, temos um surto. O que resolve não é a vacina e sim, a vacinação. Quando temos uma cobertura alta, evitamos o surto e protegemos as pessoas que não podem ser vacinadas”, reforçou Dra. Isabela Ballali.
As fake news, que se propagam na velocidade da luz por meio de aplicativos, redes sociais e boca a boca são um entrave para a vacinação, pois disseminam mitos, que são falsos. “Precisamos que os médicos conversem mais com os seus pacientes sobre o assunto, elucidem as dúvidas e indiquem fontes confiáveis para que eles mesmos possam verificar as informaçõe sobre as vacinas”, pontuou a médica.
Para elucidar as dúvidas acerca das vacinas, há diversas informações, e-books e calendários vacinais para todas as faixas etárias e condições especiais, como bebês prematuros e pacientes com imunossupressão nos sites do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM). No site da SBIM, podem ser encontrados o calendário vacinal e um e-book informações úteis e mitos e verdades sobre as vacinas.
Pacientes com diabetes, imunodeprimidos e outras condições
Para atender e imunizar os pacientes com quadros clínicos específicos, como diabetes mellitus, doenças autoimunes, HIV, transplantados, doenças crônicas, entre outras, foram criados os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs). Lá, os pacientes podem ter acesso à vacinas especiais que não são ofertadas para toda a população, como a contra varicela e pneumococo.
“A busca pelos CRIEs ainda é baixa. Temos visto que, por mês, são em torno de 2500 doses de vacina. Precisamos que estes pacientes se vacinem mais para evitar complicações”, ressaltou a médica. É necessário encaminhamento médico para ter acesso às vacinas nos Centros de Referência.
Vacinação em pacientes reumatológicos
Ao contrário do que se imagina, pacientes com doenças reumatológicas podem e devem se vacinar, mas com planejamento. Além disso, é importante verificar o tipo da vacina e conversar com o médico antes da vacinação. Uma das vacinas que são imprescindíveis para o paciente reumatológico é a contra a gripe. “Esta vacina é consenso mundial pelas associações médicas que deve ser feita em todos os pacientes reumatológicos. No entanto, temos uma cobertura vacinal de apenas 20% nesses pacientes”, destacou Dra. Gecilmara Salviato Pilegii, médica reumatologista.
Outra vacina recomendada é contra os pneumococos, que podem causar pneumonias. Neste caso, podendo levar à morte ou à complicações os pacientes com doenças reumatológicas. “Hoje, os pacientes vivem mais, têm inovação no tratamento à disposição, mas morrem mais por infecção do que pela própria doença”, ressaltou a médica.
A vacina contra o sarampo por ser feita com o vírus atenuado deve ser aplicada com planejamento prévio entre o paciente e o médico que o acompanha.
Qual o melhor momento para vacinar?
De acordo com a médica reumatologista, sempre que possível, é preferível vacinar antes do início dos medicamentos para tratamento das doenças reumatológicas, para garantir uma melhor resposta do sistema imune. Se não for possível, o médico reumatologista poderá suspender a medicação por um tempo e retomá-la em torno de quatro semanas após a vacinação.
Importante verificar a resposta à vacina
Após a vacinação, uma das preocupações que o paciente e o médico devem ter é sobre a resposta imune à vacina. Há diversos fatores que podem interferir na capacidade de gerar anticorpos às doenças, entre eles a idade do paciente, uso de medicamentos e o tipo de vacina.
“Os pacientes com doenças autoimunes começam precocemente a ter um envelhecimento do sistema imune, o que pode comprometer a qualidade de resposta à vacina”, esclareceu Dra. Gecilmara. Para verificar se a vacina fez efeito como esperado é importante que sejam feitos exames de sangue para dosagem dos anticorpos específicos daquela doença que se deseja combater. Se não houver resposta adequada, o paciente deve se vacinar novamente.
Entrevistas realizadas, durante o XXXV Congresso Brasileiro de Reumatologia
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