RIO – O Sistema Único de Saúde (SUS) vai começar a distribuir o medicamento Olumiant (baricitinibe), da farmacêutica Eli Lilly, como forma de tratamento via oral para pacientes adultos com artrite reumatoide de intensidade moderada à grave. A medicação em forma de comprimidos vai beneficiar àqueles que precisam perder horas ou dia de trabalho para serem medicados de forma intravenosa (via soro) ou subcutânea (via injeções).
Até o dia 30 de março de 2022, serão entregues ao SUS mais de 570 mil comprimidos. O medicamento foi lançado em 2019 no Brasil e é comercializado em mais de 70 países ao redor do mundo para tratar a doença autoimune, que acomete cerca de 2 milhões de pessoas no país. A primeira parcela do contrato do medicamento para o tratamento na rede pública de saúde já foi entregue.
Os medicamentos padrões de tratamento para a doença são adalimumabe e metotrexato. A nova medicação mostrou ação superior a estes já conhecidos em diversas medidas de eficácia, de acordo com um estudo realizado com mais de 3,5 mil pacientes no mundo todo. A melhora foi vista especialmente no combate à inflamação das articulações, retardo na progressão da doença e melhora rápida dos sintomas da artrite reumatoide, tais como dor articular, fadiga e rigidez matinal.
De acordo com a médica reumatologista Rina Giorgi, diretora do serviço de reumatologia HSPE-IAMSPE em São Paulo e presidente da Academia Brasileira de Reumatologia, o Olumiant foi incorporado às medicações de alto custo do SUS e tem como diferencial em relação a outros remédios o modo em que agem no corpo.
– As de antes eram medicações produzidas por células vivas, que tinham como alvo proteínas distintas do processo inflamatório que ocorre na artrite reumatoide. Bloqueava-se um tipo de proteína através daquele tipo de tratamento. A nova medicação vai bloquear diferentes citocinas que participam do processo imune que leva à inflamação – explicou a especialista ao GLOBO.
Para ela, o maior ganho da troca de medicação foi o fato do Olumiant ser administrado via oral, em comprimidos, cujo uso de uma pílula por dia facilita a adesão dos pacientes ao tratamento. Outro diferencial destacado pela médica é que entre duas a quatro semanas de tratamento, o processo inflamatório torna-se bastante controlado, o que aumenta a qualidade de vida do paciente e diminui a ocorrência de dores fortes.
– Os estudos também mostraram que em duas semanas de tratamento, já se percebe a melhora das dores – comemorou a médica.
O que é a Artrite Reumatoide?
É uma doença inflamatória autoimune que acomete principalmente as articulações do corpo. Segundo a Dra Rina Giorgi, ela pode afetar todas as juntas do paciente. Os principais sintomas são dores nas articulações, associados a edemas (inchaços) nas áreas.
– Isso leva à rigidez matinal. A pessoa acorda com as juntas inchadas e doloridas, com dificuldades de abrir as mãos e dar os primeiros passos do dia – disse.
Segundo ela, em alguns casos, a artrite reumatoide pode acometer alguns órgãos como pulmão e coração, mas essas ocorrências são raras.
– No passado, era muito comum as pacientes virem às consultas depois de bastante tempo de doença, e já chegavam de cadeira de rodas, andador ou bengalas, mas hoje, se entende que deve-se diagnosticar e tratar o processo inflamatório o mais rápido possível – relatou.
A doença pode ser controlada através do processo teurapêutico medicamentoso, mas não há cura.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a artrite reumatoide impacta cerca de 1% da população. A causa é desconhecida e acomete as mulheres duas vezes mais do que os homens, a partir, geralmente, dos 30 e 40 anos. Os sintomas mais comuns são dor, edema, calor e vermelhidão em qualquer articulação do corpo, sobretudo mãos e punhos.
Os pacientes não tratados podem desenvolver deformidades e incapacidade para realização de suas atividades diárias ou profissionais.
– O cotovelo pode dobrar menos, o que pode impedir a pessoa de se alimentar sozinha – exemplifica a dra. Rina. Por ser uma doença autoimune, o sistema imunológico, que normalmente defende o nosso corpo de infecções (vírus e bactérias), passa a atacar o próprio organismo (no caso, o tecido que envolve as articulações, conhecido como sinóvia).
Fonte: O Globo
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