Sempre trabalhei na enfermagem. Sou apaixonada pelo meu trabalho. Há cerca de 16 anos, trabalhava em um Hospital de grande porte, e comecei a sentir muitas dores nas mãos e ombros. Não consegui descansar, pois as dores aumentavam durante a noite. Em conversa com um ortopedista que me receitou alguns medicamentos e dizia que poderia ser tendinite e bursite, me deu alguns dias com tala gessada, porém as dores sempre voltavam e em locais diferentes. Elas caminhavam pelo corpo, pelos pés e então o médico do trabalho ironizou, dizendo palavras de cinismo, como se achasse que era fingimento da minha parte. Então um clínico que trabalhava comigo pediu os exames de sangue que estavam muito alterados, e fui diagnosticada com artrite reumatoide, uma doença até então desconhecida para mim.
Meus primeiros sintomas, foram muitas dores pelo corpo, principalmente nas mãos e braços, que ficavam rígidos, e quentes. O meu diagnóstico demorou alguns meses, pois eu trabalhava num hospital e conseguia conversar com alguns médicos. O primeiro médico que me atendeu foi um ortopedista e quem chegou ao diagnóstico foi um médico clínico geral. Os exames que auxiliaram no diagnóstico foram, fator reumatoide, látex, proteína c reativa, fan, entre outros.
No começo eu tomava muitos remédios, por conta própria, até passar por um reumatologista que iniciou o tratamento com corticoides dentre outros. Mas não conseguia estacionar a doença, e sofri muito, engordei bastante, e tive algumas deformidades, principalmente nas mãos.
Hoje tomo Prednisona, Leflunomida, e o Etanercepte. Faço exames a cada 3 meses para avaliar os efeitos do medicamento. Depois de passar por muitos médicos, encontrei uma médica, que me tratou de forma diferenciada, e entrou com estes medicamentos, que estacionaram de forma significativa a doença.
Continuo acima do peso, desenvolvi diabetes, o medicamento é um potente imunossupressor, por isto, tenho lesões de pele, por conta de infecções por microrganismos oportunistas…Houve um tempo que por conta de outros medicamentos para controlar a dor, desenvolvi hepatite medicamentosa.
Hoje sob controle. Pois evito os anti-inflamatórios não esteroidais.
O diagnóstico me deixou um pouco assustada, fui ler sobre a doença, e os tratamentos. Não conseguia aceitar que seria dominada pelo uso de corticóides, pois sabia os efeitos deles no organismo. Pude perceber o preconceito, que aconteceu à princípio pelo próprio médico do trabalho, e depois por parte de alguns colegas, que davam a entender que eu estava forjando uma doença. Até hoje de vez em quando alguém me olha com certo cinismo, às vezes impaciência.
Sua vida mudou após o diagnóstico?
Sim. Tive que diminuir o ritmo, pois sempre fui muito sedenta pelos estudos e pelo meu trabalho. Porém, nunca desisti das coisas em que acreditava.
Fiz a minha faculdade, trabalhava na base de medicamentos, e ainda hoje trabalho em dois empregos, e estou sempre estudando e fazendo cursos, não deixei que a doença me dominasse, Com dores ou sem dores, levanto a cabeça, respiro fundo, peço ajuda para o meu DEUS e vou! Às vezes vou mancando, às vezes não consigo usar a força das mãos em alguma atividade…Às vezes me calo, quando a dor toma conta.
O que você fazia antes da doença e hoje não faz mais?
Adorava dançar. Agora quase nunca mais, por conta dos pés tortos, e do peso. Mas estou começando a fazer aulas de zumba. Difícil, mas não impossível. No outro dia fico de molho… rs, mas eu chego lá.
Se você pudesse melhorar alguma coisa no tratamento da sua doença no Brasil, o
que mudaria?
O acesso aos médicos especialistas.
Sua dica de qualidade de vida?
Cultivar amizades verdadeiras, alimentar se bem, trabalhar, estudar.
Devemos lutar contra a depressão. Ela costuma aparecer quando as dores se tornam mais fortes. E aí, a doença toma conta.
O tratamento deve ser conjunto com o tratamento da artrite reumatoide.
Atividades físicas moderadas, música, amigos e nossa crença, fazem parte deste tratamento.
Deixe uma frase de incentivo:
Acredite em si mesmo.
Sou a Graça Rodrigues, convivo com Artrite Reumatoide, moro em São José dos Campos, sou Enfermeira – Docente.
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