Eu não sei qual foi a minha reação ao saber do meu diagnóstico pois eu tinha 03 anos de idade, eu nasci com Artrite Reumatoide Juvenil. Só sei que era uma criança que chorava muito, certamente por conta das dores que sentia. Das dores eu me lembro, pois sinto infelizmente até hoje no alto dos meus 29 anos. Talvez, se eu parar para pensar e puxar na memória, eu sinta o impacto do meu diagnóstico na minha família, principalmente na minha mãe. Antes de eu completar três anos de idade, minha mãe procurou muitos médicos e explicações para o meu choro, pois não era normal aquela situação. Levou muitas “portas na cara” e sermões de médicos que insistiam que ela estava procurando doença para uma criança que no máximo, não passava de uma chorona.
Mas nada abala a fé de uma mãe que quer o melhor para seu filho. Quando conheceu meu reumatologista, que me trata até hoje, gosto sempre de contar que ele dançou comigo minha valsa de 15 anos, e finalmente recebi o diagnóstico de ARJ, foi o final de uma procura e o início de uma longa, longa jornada. Minha família se desdobrou em mil e de tudo fizeram para me tratar, se faltava grana para remédio, dá-lhe rifa, se chorava muito, o amor triplicava e dá-lhe colo. Foram tantas noites em claro, tantos remédios, anos ininterruptos de fisioterapia e três cirurgias até agora. Nunca, jamais terei como agradecer e retribuir o que fizeram e fazem por mim. Se hoje sou desenvolvida fisicamente, me formei cedo na faculdade e trilho um bom caminho profissional, tirei minha carteira de motorista aos 18 e vocês não tem noção do que é este obstáculo para quem tem artrite, enfim, sou o que sou hoje porque Deus, em sua infinita misericórdia me presenteou com a família que tenho. Sou toda gratidão e amor.
Nascer com artrite é cruel, crescer e se desenvolver com essa doença é de fato, muito complicado. Ser criança e não poder correr, ou jogar bola, ou brincar de “porta bandeira”, coisas simples, mas que modificam o mundo de uma pequena, ser adolescente e ficar em casa de cama naquele sábado que a galera está indo para festinha, ou colocar aquele saltinho que está na moda. É tão difícil tentar se adaptar ao mundo sabendo que existe um mundo só seu #reallife, com todas as suas limitações, dores e muitos horários destinados aos seus remédios diários para coordenar. Hoje com 29 anos, eu aprendi a conviver com a Artrite, ainda não muito bem, confesso. Não me lembro como é passar um dia sem sentir dor. Não sou acostumada a sentir dor, ninguém merece se acostumar com uma coisa dessas.
Mas essa é minha realidade e convivo com ela diariamente. A doença me ensinou a ser pé no chão, a dar valor para as pessoas, a compreender a dor dos outros. Muitas vezes, por minha dor ser “invisível”, duvidaram de mim, da dor que eu sentia, do sofrimento que eu passava. Mas até isso a gente aprende a levar. Tenho uma família maravilhosa, amigos maravilhosos e sei que essa minha luta será até o fim da vida. Tomo atualmente 7 remédios diariamente. Para mim é uma vitória, pois já tomei por dia, um número muito maior, fora as injeções, os exames de sangue semanais, as dolorosas recuperações das cirurgias. São muitos obstáculos, e a gente se sente, na maioria das vezes, impotente. Mas é como dizem: Deus nunca nos dá um fardo maior do que podemos carregar. Aprendi desde criança a ser forte e sigo tentando.
Me chamo Virgínia Miranda Sarmento, tenho 29 anos e a 26 anos convivo com a Artrite Reumatoide Juvenil, sou publicitária, moro em Montes Claros – MG.
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