Compartilho nessa publicação a minha jornada de 3 meses de realização da cirurgia bariátrica pela técnica sleeve gástrico
📍PC: 92 k IMC: 38.3
📍PA: 80.5 k IMC: 30,8
📍3 meses: 15 K #Off
Há 3 meses atrás, 3 dias antes da cirurgia, estava começando a dieta pré-operatória, a 1° foto foi tirada na manhã da última noite que havia dormido, depois passei 3 noites perambulando pela internet, tentando escrever, ler, distrair a minha mente, quando pensava que estava desligando o meu medo, lembrava, tá chegando! Não teve zolpiden que desse jeito.
Internei às 22 horas do dia 24 de setembro, para operar no dia 25 às 7 horas! Meu Deus, dava meia noite + não chegava às sete. Passei intermináveis 9 horas deitada na cama do hospital, imobilizada pelo medo!
Até que às 6 horas o enfermeiro veio me buscar para levar ao centro cirúrgico, chegando lá, fui recebida por um médico anestesista senhorzinho, sensato, de voz suave que tentou me tranquilizar dizendo “eu fui chamado especialmente para sua anestesia, já estudei seu caso e fique tranquila, vai dar tudo certo”, eu só conseguia dizer “vai sim”, mas meu medo dizia “levanta e corre”.
Ei, medo eu não te escuto mais, fui mais forte que ele, fiquei e pedi para me colocar para dormir, cheirei uma máscara encantada, ouvia as vozes longes e 1 hora e meia depois, despertei ouvindo chorinho de crianças, olhei ao redor, levantei os dedos, mexi as mãos, os pés, levantei a cabeça dei uma olhadinha no monitor cardíaco e vi tudo lindo, eu estava viva.
Minha barriga doía tanto, que respirar fundo, era angustiante, mas nem liguei. Para quem tinha certeza que iria dar uma voltinha na UTI, imaginando que seu fígado reacional depois de 2 hepatites medicamentosas iria fazer alguma gracinha. Pedi analgésicos, fui para o quarto e mandei uma mensagem de voz arrastada e mole para o @reumato_thiagobitar “tô no quarto, tô viva”, #mãe tô viva, to no quarto, #Ana tô viva, tô no quarto. E por ali fiquei pelos próximos 3 dias.
A dor do pós-operatório da cirurgia bariátrica foi bastante desconfortável, no primeiro momento, meio desesperadora para uma pessoa falante como eu, pois falar doía, respirar doía, ver o fisioterapeuta entrar no quarto com o respiron, já dava tontura.
A dor foi minha companheira por pelo menos umas 9 horas depois que voltei para o quarto, recebi a última dose de tramal às 24 horas, no dia seguinte já estava sem dor. Mas, começava as exigências de cuidados, caminhar no corredor, fazer respiron, fazer exercícios respiratórios.
A rotina do pós-operatório imediato é um pouco puxada, pois nosso corpo quer descansar, mas os cuidados médicos são essenciais, por isso, a enfermagem e o fisioterapeuta não dão um segundo de sossego. Receber alta e não ver mais o fisioterapeuta é uma delícia, não ter que tomar o caldo do hospital então é, fantástico.
Em casa a vida seguiu mais leve, o copinho de 50 ml foi meu guardião, la estava ele o dia todo, de tempo em tempo, bebericando gatorade, água de coco, gelatina e o caldinho fazia parte do desafio do dia, mas com jeitinho fui conseguindo 50 ml, depois 100, depois 150. Quando consegui tomar 150 ml de caldinho, já estava chegando na dieta pastosa, que delícia dar adeus ao caldinho. Mas, começar a começar a comer comida, foi dolorido, por volta do 23° dia, comecei a dieta geral, com a meta de consumir proteína, aprender a voltar a comer carne, queijinho e ovo, foi uma tarefa no princípio estranha.
A reintrodução da dieta, foi desafiadora, começava a comer e doía, a comida caía no estômago parecendo um “cimento”, pesava, dava sensação de estufamento e por muitas vezes, ficava muitos minutos olhando para a comida e pensa “nossa, como vou comer tudo isso?!”. Depois da bariátrica, é preciso seguir a risca às orientações nutricionais, focar a proteína, depois as outras coisas, mas as proteinas no primeiro mês de dieta geral, pareciam intermináveis, nunca me senti tão desesperada na frente de um pedaço de queijo branco ou de um ovo. Ah, um ovo deve ser comido todos os dias, neste primeiro mês da dieta geral, eu não conseguia comer um ovo inteiro, dividia um ovo em duas partes.
Eu não tenho e não tive fome, de tempo em tempo, a cada 3 horas meu corpo tem uma lerdeza, parece precisar de energia. Agora praticamente 3 meses depois, eu até me pego “esquecendo de comer”, mas sou lembrada pela lerdeza, bate uma tonteira, parece uma hipoglicemia, corro atrás de uma proteína e pronto, com um bocadinho de comida estou alimentada.
Durante esses 3 meses, tive dois dupping e entendi que não posso ingerir gordura. A única intercorrência médica que tive, foi um hipertireoidismo, pois tenho Tireoidite de Hashimoto e desde os 16 anos, faço uso de hormônio tireoidiano, a previsão de ajuste da dose, seria por volta de 8 semanas. Porém, entrando na quarta-semana, tive umas taquicardias loucas, colhi exames e minha parte metabólica estava bem bagunçada, fui ao endocrinologista que ajustou a dose do remédio e parei de passar mal.
Estou entrando na semana dos 3 meses, com o total de 15 kilos eliminados, operei com 92 kilos e estou com 77, falta apenas 2 kilos para ter o peso que tinha quando fui diagnosticada com artrite reumatoide. A meta médica esperada para até 2 anos da cirurgia, é de 30% do peso que tinha no dia da cirurgia, que representa 27.6 kilos, já atingi mais da metade da meta, faltando 12, 6 kilos.
Trago o sentimento de gratidão por todos os médicos que fizeram parte dessa jornada, meu reumatologista Thiago Bitar, minha nutróloga Dra. Paula Machado Guidi e o cirurgião Dr. Alexandre Elias do Instituto Garrido, como maestros conduziram com total sintonia e permitiram ligar o start da minha qualidade de vida, juntos estamos dizendo adeus, obesidade.
E claro, a minha família que foram o apoio sempre presente. Minha mãe que sei que esteve o tempo todo com o coração saindo pela boca. Minhas irmãs, que juntas decidimos que as 3 iríamos fazer a cirurgia bariátrica para mudar o destino genético e impacto da obesidade nas nossas vidas. Primeiro, a minha irmã do meio, fez a cirurgia, como ela não teve nenhuma complicação, 6 meses depois eu operei, agora daqui mais ou menos 3 meses a minha irmã caçula vai ser operada. Seremos 3 borboletas que envelhecemos com maior perspectiva de qualidade de vida. Ah, não posso esquecer da Ana, a irmã que a vida ne deu, que carinhosamente fez os meus caldinhos para 15 dias.
Agora a meta é, controlar a agenda e incluir a atividade física para fortalecimento muscular, para evitar a perda de massa muscular e flacidez. E, comprar roupa, já perdi até minhas roupas íntimas, pulei do 46 para o 40, do GG para o P ou M, do só tenho “tamanho único” para o “acho que vai ficar largo”.
Retornei ao tratamento da artrite reumatoide com 40 dias, atualmente utilizo o imunobiológicos tocilizumabe, minha doença está em remissão, nesses 3 meses, precisei tomar anti-inflamatório apenas uma vez, sendo prescrito pelo meu reumatologista o profenid enteral. No acompanhamento da bariátrica, estou tomando Centrum (americano), Biotina (para queda de cabelo), Noripurum e Cálcio, todos de forma profilático, pois meus exames estão normais, aliás, nunca tive exames gerais e de AR tão normais quanto agora.
📍Ps: síndrome de dumping é um sintoma muito característico no pós-cirúrgico da cirurgia bariátrica e que causa bastante desconforto. É um mal estar generalizado, causado pelo consumo de carboidratos ou gorduras em excesso.
Informações:
- Precisamos falar, tratar e combater a obesidade, ela é uma das maiores inimigas da qualidade de vida das pessoas com doenças inflamatórias, como por exemplo a artrite reumatoide e diversas doenças reumáticas.
- A cirurgia bariátrica não é e nunca deve ser a primeira escolha para o emagrecimento, somente devemos pensar nessa alternativa depois de pelo menos 2 anos tentando emagrecer com acompanhamento médico, nutricional -reeducação alimentar e pratica de atividade física.
A obesidade deve fazer parte da conversa e decisões compartilhadas com o reumatologista #sempre. - Quando o reumatologista fala que “precisamos emagrecer”não é chatice, é cuidado + claro, odiamos com todas as forças ouvir isso, por isso, que tal, buscarmos a mudança.
- Segundo o Rol de cobertura obrigatória da ANS: os planos de saúde são obrigados a fornecer cobertura completa ao tratamento da cirurgia bariátrica para pessoas com obesidade e IMC acima de 35 e doenças crônicas, como a artrite, artrose, diabetes, hipertensão e depressão, doenças bastante comuns que são agravadas pela obesidade.
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