Cerca de 40% da população brasileira têm alguma doença crônica, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e, por isso, dependem de medicamentos para manutenção da qualidade de vida. O problema é que nem sempre é possível obter os chamados remédios de alto custo, ainda que seu fornecimento seja obrigatório. Pacientes da região destacam dificuldades enfrentadas na farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. Além da já conhecida e lamentável demora para retirada dos itens, o desabastecimento de alguns fármacos já preocupa.
O petroquímico de origem belga Serge Rene Vandevelde, 78 anos, realizou transplante de fígado há nove anos e, desde então, faz tratamento com remédios imunossupressores – necessários para evitar a rejeição do órgão transplantado. Morador de São Bernardo há 44 anos, ele revela que está com dificuldades para retirar dois medicamentos – Tacrolimo (que custa, em média, R$ 1.200) e Micofenolato de Sódio (R$ 470) – há cerca de dois meses. “A sorte é que temos um grupo de transplantados e os integrantes emprestam remédios uns aos outros. Agora o clima é de pânico, porque não tomar significa morte na certa”, ressalta.
A situação do casal Elaine, 39, e Lenivaldo Alves Araújo, 40, também é complicada. O marido usa Alenia e Spiriva, dois remédios receitados para falta de ar, decorrente doença respiratória gerada por bactérias. Os medicamentos, que custam em média R$ 100 e R$ 350, respectivamente, estão em falta desde novembro. “Já recebi autorização do médico para fazer transplante de pulmão, mas além de ter cerca de 240 pessoas na minha frente, tenho medo de depender dos imunossupressores”, destaca. O cenário só não é pior graças à solidariedade. “Uma senhora que está em situação pior do que o meu marido doou o remédio para a gente. Ela não conseguia mais usar devido às complicações e acabou o salvando”, relata Elaine.
Professora de 56 anos, que prefere não ser identificada, revela comparecer todos os meses à farmácia do Mário Covas para retirar medicamento para a filha, que sofre de esquizofrenia. “Testamos vários remédios, mas apenas a Closapina funciona (custa, em média, R$ 300)”, comenta. Nos meses de outubro e dezembro do ano passado, o medicamento estava em falta.
PLANEJAMENTO
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, os medicamentos Tacrolimo e Micofenolato de Sódio são adquiridos e distribuídos pelo Ministério da Saúde. Porém, as entregas do governo federal têm ocorrido com irregularidade. A Pasta diz que tem concentrado esforços para atender os pacientes, fazendo planejamento dos estoques e até mesmo, em alguns casos, realizando entregas parciais para evitar o desabastecimento por completo. O Ministério da Saúde não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Prometida para o ano passado, descentralização de unidade fracassa
Discutida desde 2014 e prometida pelo secretário adjunto de Saúde do Estado, Eduardo Ribeiro Adriano – em abril –, para ser concluída até dezembro, a descentralização da farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, fracassou mais um ano. Se concretizada, a ação ajudaria a diminuir o tempo de espera para retirada de remédios, que hoje chega a durar quatro horas.
O assunto voltou a ser debatido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em janeiro de 2017, no entanto, o avanço da questão ainda depende de aval do Estado, que analisa duas propostas de distribuição dos medicamentos: nos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) de Santo André e Mauá, ou nos postos do Poupatempo da região (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá).
A Secretaria de Saúde estadual destaca que “tem dialogado e dado apoio técnico aos municípios e espera parecer das prefeituras da região para dar andamento à descentralização”.
Fonte: http://www.dgabc.com.br/Noticia/2860141/remedio-de-alto-custo-em-falta-preocupa-pacientes-da-regiao
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