Neste mês, é celebrado o Maio Roxo, de conscientização das doenças inflamatórias intestinais, sendo as mais comuns a doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Estas doenças são causadas por distúrbios imunológicos e de causa ainda não completamente determinada. O coloproctologista Dr. Claudio Saddy Rodrigues Coy, do Departamento Científico de Coloproctologia da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) e prof titular de Coloproctologia da FCM UNICAMP, explica quais são os sintomas, os critérios diagnósticos e o tratamento dessas doenças.
De acordo o Dr. Coy, a causa exata das doenças inflamatórias intestinais é desconhecida, mas especula-se que agentes, que podem ser infecciosos ou mesmo dietéticos, causam uma inflamação no intestino que deveria ser limitada, mas que, em algumas pessoas mais suscetíveis, não cessa e torna-se crônica. “A incidência nos últimos anos tem aumentado mesmo em populações em que essas doenças eram mais raras, como em alguns países asiáticos e até no Brasil”, comenta. “Fatores como tipo de parto, amamentação, exposição a antibióticos na infância ou mesmo mais tarde, mudanças de hábitos alimentares, com maior consumo de alimentos processados, e tabagismo podem explicar esse aumento do número de casos”, explica. Em alguns grupos étnicos, a ocorrência pode ser bastante alta, o que evidencia também um caráter genético.
Essas doenças não são contagiosas e não podem ser prevenidas, mas costumam ser mais comuns em países industrializados e em regiões urbanas, portanto, o meio ambiente tem uma grande influência. “Hábitos saudáveis, como atividade física, controle de peso, dieta balanceada rica em fibras e com poucos alimentos industrializados estão associados a menor ocorrência destas doenças. Tabagistas portadores de Doença de Crohn, apresentam manifestações mais graves e um controle clínico mais difícil”, esclarece.
Entre os sintomas mais comuns, estão diarréia, dor abdominal, anemia e emagrecimento. “Como são doenças imunológicas, existem várias manifestações extraintestinais, como dor articular, acometimento em pele e até oculares. É importante salientar que as manifestações são variadas, muitos pacientes apresentam formas leves”, comenta o médico.
O diagnóstico é feito por meio da história clínica e do exame físico. Exames complementares também são importantes, como a colonoscopia com biópsias, exames para avaliar o intestino delgado e exames laboratoriais para identificar anemia e desnutrição. “Existe, ainda, um exame de fezes que identifica a presença de inflamação intestinal e que ajuda, em casos de diarreia crônica, saber se ela é causada por doença inflamatória intestinal”, orienta.
Por serem doenças consideradas crônicas, não possuem cura, mas se o paciente seguir as orientações e utilizar os medicamentos recomendados pelo médico, poderá ter uma vida normal. Segundo o Dr. Coy, existem diversos medicamentos que tratam essas doenças. “E a partir da década de 90, ocorreu um grande avanço terapêutico com o desenvolvimento de drogas biológicas, que surgiram a partir de um melhor conhecimento dos mecanismos que causam a inflamação nessas doenças”, diz. Ele explica que essas drogas inibem, por meio de anticorpos, substâncias associadas com o processo inflamatório. Muitas, inclusive, estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). “Medidas complementares, como controle de peso, hábitos alimentares adequados e apoio psicológico também são muito importantes. O tratamento deve ser multidisciplinar e envolve outros profissionais, como nutricionistas e psicólogos”, finaliza o coloproctologista.
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