Com exclusividade à AH, o dermatologista Dr. Rafael Soares explica o motivo da comum patologia ser motivo de tanto preconceito
Quando se fala em lúpus, a primeira imagem que pode vir à cabeça são as marcas no rosto. Parecidas com asas de borboletas, são autoimunes e requerem um tratamento bem específico. Além disso, é uma doença que grande parte da sociedade não conhece, por isso enfrenta com muitos preconceitos seus portadores.
Além das dores provocadas nas articulações do corpo (outro sintoma típico) e destas manchas doloridas na face, os portadores de Lúpus sofrem com o preconceito das pessoas que não conhecem os efeitos e temem ser uma enfermidade até contagiosa.
Com exclusividade ao site Aventuras na História, o dermatologista Dr. Rafael Soares tenta desmistificar alguns dos preconceitos acerca da enfermidade, e ainda detalha os efeitos da doença no corpo das pessoas que ela atinge.
Origens de uma patologia
“Primeiramente, é fundamental entender a origem desta doença”, narra o especialista. “Seu nome surgiu devido ao aspecto apresentado por estas lesões faciais”, já que a palavra “lupus” significa “lobo” e, de certa forma, as feridas deixadas pela doença “se parecem com cicatrizes de mordidas de lobos”.
Segundo a literatura médica, os primeiros casos identificados desta doença surgiram no século 19. Além disso, a enfermidade é autoimune, ou seja, ela surge quando o sistema imunitário da pessoa entra em conflito com os tecidos saudáveis em diversas partes do organismo, segundo explica o Dr. Rafael.
“Diante disso, é importante lembrar que a intensidade desses sintomas é diferente, cada pessoa tem sua carga de dor”, salienta. “Alguns podem ter um processo de rápida recuperação, enquanto outros podem ter graves lesões por conta disso.”
Preconceito e desinformação
Se, por um lado, a sociedade não conhece a doença, por outro, é preciso entender que ela não é tão incomum quanto parece. Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que, atualmente, uma a cada 1.700 mulheres no Brasil sofrem com Lúpus.
O Dr. Rafael complementa estes números e ainda destaca que “pode ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária, independe de raça ou sexo”. De acordo com o dermatologista, também “é comum observar os sintomas em pessoas entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais comum em pessoas mestiças e nos afro-descendentes”.
Hoje em dia, os especialistas estimam que existam, no Brasil, “aproximadamente 65 mil pessoas com Lúpus”. Tais informaçãos, se colocadas em perspectiva, mostram a dimensão de que ela é a doença é “relativamente comum”, conforme afirma Rafael.
Na vida real
Quanto aos sintomas, Dr. Rafael destaca que os mais comuns são “dores fortes nas articulações, acompanhadas de um inchaço nestes locais, e junta-se a isso a febre, dor torácica, aumento de volume dos gânglios linfáticos, perda de cabelo, úlceras na boca, fadiga e a famosa erupção na pele de cor avermelhada, que é essa encontrada na face”.
Mas, segundo o médico, os sintomas não são constantes. “Há períodos de exacerbação dos sintomas e períodos de remissão com poucos sintomas. Mas um problema é quando essa enfermidade ataca, além da pele, as articulações e os rins”.
É importante lembrar, no entanto, que, além de milhares de brasileiros, essa doença faz parte do dia a dia de algumas celebridades. Exemplo disso são a cantora Lady Gaga, a atriz Selena Gomez, a socialite Kim Kardashian e a apresentadora Astrid Fontenelle.
Por fim, o especialista pontua que ainda se vê um preconceito contra a doença muito enraizado na sociedade. “Isso existe pelo fato de haver uma forma de tuberculose com nome em comum: lúpus vulgar (forma cutânea e pouco contagiosa)”, explica Rafael.
“Não é segredo para ninguém que ainda existe um preconceito histórico da tuberculose, e creio que, pela semelhança de nomes, muitas pessoas ainda possam se comportar de forma tão inadequada”, completa o dermatologista.
Fonte: Aventuras na História.
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