A doença periodontal é uma doença infeciosa que afeta a gengiva e os restantes tecidos de suporte dentário, podendo culminar na perda dos dentes. É importante atentar às alterações gengivais, pois os sintomas usualmente passam despercebidos
A doença periodontal traduz-se, numa primeira fase, por sinais e sintomas clínicos “surdos”, sem qualquer tipo de dor e que, por isso, passam despercebidos ao próprio indivíduo. A hemorragia gengival associada é um dos primeiros sintomas.
A doença periodontal, se não for tratada no tempo adequado, leva à perda de peças dentárias, provocando dificuldades de mastigação devido à perda de superfícies mastigatórias. O diagnóstico precoce é fundamental para a prevenção e tratamento da doença.
Infeções respiratórias
A periodontite tem sido associada a duas patologias do foro respiratório: a pneumonia bacteriana e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
O início da pneumonia bacteriana e da DPOC está dependente da colonização da cavidade oral e orofaringe por potenciais patogénicos respiratórios, a sua consequente aspiração para as vias aéreas inferiores e a falência dos mecanismos de defesa do hospedeiro.
No fundo, uma higiene oral insuficiente e a doença periodontal parecem estar estatisticamente relacionadas com estas doenças, com a aspiração de patogénicos orais para os pulmões e a ação de enzimas associadas à Doença Periodontal que promovem a adesão e colonização destas bactérias.
Artrite reumatoide
Descrita como uma doença crônica inflamatória, de carácter destrutivo, que se caracteriza pela acumulação persistente de infiltrado inflamatório na membrana sinovial, que pode conduzir à destruição das articulações, levando o doente a desenvolver quadros de artrite nas articulações, deformidades e limitações de movimento permanentes, rigidez matinal, fadiga e perda de peso.
A periodontite e a artrite reumatoide apresentam mecanismos de patogênese similares, caracterizados por uma condição inflamatória exacerbada. Por exemplo, a Porphyromonas gingivalis, bactéria muito conhecida e frequente na periodontite, é capaz de invadir os condrócitos humanos isolados de articulações do joelho, interferindo no ciclo celular e induzindo a apoptose/morte destas células da cartilagem.
Partos prematuros
A OMS, em 1972, definiu Parto Pré-termo (PPT) como aquele que ocorre entre a 22ª semana completa (154 dias) e a 37ª semana (258 dias) de gestação. O PPT constitui cerca de 11% de todos os partos. A importância clínica deste problema reside no fato de o PPT ser uma das causas mais importantes de mortalidade a nível mundial, condicionando mais de 60% da mortalidade neonatal total, sendo que a maioria das mortes ocorre em recém-nascidos cujo parto foi anterior às 32 semanas de gestação. Além disso, o recém-nascido pré-termo tem uma probabilidade 180 vezes superior de morrer do que o recém-nascido de termo. O mecanismo patológico entrea doença periodontal e o parto pré-termo que se julga ser o responsável advém da disseminação de microrganismos periodontais na corrente sanguínea capaz de alcançar a placenta.
Na ausência de resultados de intervenção definitivos, o melhor conselho a dar à mulher que pense engravidar passa pela prevenção da Periodontite. Esta estratégia terá o benefício adicional de minimizar o tratamento numa altura em que, tanto a mãe como o feto estão mais vulneráveis.
Esteja atento aos sinais e sintomas, não adie a sua ida ao médico dentista. O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento eficaz desta patologia.
Fonte: Jornal CM.
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