Estudos avaliam desde eficácia de medicamentos a impactos da pandemia na saúde dos profissionais
Que medicamento tem mais efetividade no tratamento da Covid-19? Quem já teve a doença fica imune? Como a pandemia impacta a saúde dos profissionais? As dúvidas ainda são várias, mas algumas delas serão esclarecidas nos próximos meses por pesquisadores do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB). Atualmente, a instituição participa de mais de 20 projetos de pesquisa relacionados ao novo coronavírus, realizados no próprio HUB ou multicêntricos. O número é dinâmico e cresce a cada semana.
A maioria dos estudos foi idealizada pelo Comitê de Pesquisa em Covid-19 do HUB, criado no final de março. O grupo começou com 24 profissionais e professores da Universidade de Brasília (UnB), mas recebe novos membros periodicamente. “O comitê é colaborativo e funciona como um apoio técnico-científico para ajudar a viabilizar os projetos”, explica a gerente de Ensino e Pesquisa do HUB, Dayde Lane Mendonça.
Para ela, a pandemia evidenciou a necessidade de investimento em pesquisas no Brasil, que impactam o dia a dia da população. “O que estamos desenvolvendo agora deixará um legado, com a reestruturação do parque tecnológico, a rede de colaboração com outras instituições e a formação de pesquisadores”, acrescenta. “É uma oportunidade para fortalecer as relações de pesquisa dentro do hospital e entre o HUB, a universidade e a Rede Ebserh”, diz o chefe do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica, Fernando Araújo de Oliveira.
Por ano, o HUB registra em média 140 estudos, a maioria proveniente de trabalhos de conclusão de curso de estudantes de graduação e pós-graduação, incluindo mestrado e doutorado. A seguir, acompanhe alguns estudos em andamento.
HU-COmVIDA: hospitais universitários federais juntos contra a Covid-19
Será que o uso de alguns medicamentos ajudam a reduzir pela metade a taxa de mortalidade dos pacientes que precisam de suporte para respirar? Esse é o objetivo principal do estudo, que começou no HUB e hoje já conta com a participação de 19 centros distirbuídos em 14 unidades da federação, sendo 17 hospitais universitários federais da Rede Ebserh.
Serão avaliados 388 pacientes, divididos em quatro protocolos de tratamento, de acordo com o medicamento usado: hidroxicloroquina; hidroxicloroquina combinada com azitromicina; imunoglobulina; e controle, sem uso das medicações anteriores. Independentemente da classificação, todos os pacientes receberão condutas padronizadas para o melhor suporte clínico. “Se conseguirmos demonstrar que as medicações são eficientes, podemos praticamte padronizar um protocolo brasileiro para tratamento da doença”, explica a líder do projeto, Flávia Xavier, chefe da Agência Transfusional do HUB e professora da UnB.
Outras consequências positivas serão a redução do tempo de intubação, internação e oxigenoterapia, liberando leitos de forma mais rápida e reduzindo a sobrecarga dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Por outro lado, caso o estudo mostre que os medicamentos são ineficazes, será possível frear o uso indiscriminado deles, o que impacta no aumento de preços e desabastecimento das farmácias.
Force One: proteção da força de trabalho
Garantir o retorno ao trabalho do profissional de saúde afastado por Covid-19 de forma segura e no menor tempo possível. Esse é o objetivo do Force One, que começou no dia 23 de abril. O estudo propõe a comparação de dois grupos. Um seguirá o protocolo institucional padrão, que define o afastamento por 14 dias para os casos confirmados. No outro, os profissionais farão o exame de testagem mais de uma vez ao longo desse período. A coleta será feita dentro do próprio posto de triagem que já existe para avaliar funcionários com suspeita da doença.
Desse estudo, surge o Force Two, que avaliará os motivos dos afastamentos ao trabalho de todos os hospitais da Rede Ebserh, incluindo terceirizados, servidores das universidades e empregados da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ao todo, são aproximadamente 50 mil funcionários de 40 hospitais universitários federais.
Nesse caso, a intenção é estudar a influência da pandemia para o serviço e o profissional, identificando números de causas diretas de atestados gerados por infecção do novo coronavírus e as ocorrências indiretas, como afastamentos administrativos ou gerados por problemas psiquiátricos, a exemplo de depressão e ansiedade.
“É um momento muito negativo, mas também de oportunidades de aprendizado e crescimento, com esforço conjunto de várias equipes”, explica a reumatologista e orientadora de pós-graduação da Faculdade de Medicina da UnB, Licia Mota, que está à frente dessas e de outras pesquisas.
Biomarcadores imunológicos
A pesquisa ajudará a entender se existem fatores que diferenciam a gravidade de cada caso e se a imunidade gerada após contrair a doença é eficaz para prevenir uma nova infecção. A perspectiva é coletar exames de sangue de 200 pacientes em quatro momentos diferentes. Para isso, o HUB está fazendo parceria com outros hospitais universitários federais.
Os primeiros resultados devem sair em novembro deste ano. “Participar do Comitê de Pesquisa é uma grande oportunidade de trabalhar ao lado de excelentes pesquisadores, que mesmo nas difíceis condições do nosso país conseguem desenvolver trabalhos importantes e inovadores”, afirma a dermatologista e líder do projeto, Patrícia Shu Kurizky, que transformou o tema no seu pós-doutorado na UnB.
Fototerapia para combater o vírus
Uma câmara com várias lâmpadas que emitem raios ultravioletas B de banda estreita, seguros para o ser humano. É um banho de luz, que pode ajudar a reduzir a carga viral presente na superfície dos equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscara e avental. A proposta é testar se a fototerapia realizada antes de o profissional retirar o EPI, momento de maior risco de contaminação, pode reduzir a taxa de infecções pelo novo coronavírus.
O estudo usará câmaras de luz e equipamentos portáteis do serviço de dermatologia do HUB. “O hospital criou esse grupo e está fazendo o que parecia ser impossível. Além de competir com o que é esperado nos países de primeiro mundo, estamos gerando coisas novas locais”, explica o dermatologista e professor da UnB, Ciro Gomes, que conduz a pesquisa.
Fonte: HUB Brasilia.
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