Fumo ativo e passivo
Os resultados de um estudo apresentado durante o Congresso Anual da Liga Europeia Contra as Doenças Reumáticas confirmam a ligação entre o tabagismo ativo e o risco de desenvolver artrite reumatoide.
Para analisar o impacto do fumo – ativo e passivo – sobre o risco de desenvolver artrite reumatoide, uma grande população de mulheres voluntárias, nascidas entre 1925 e 1950, foi monitorada desde 1990.
E, curiosamente, os dados também sugerem que, entre os fumantes, a exposição ao tabaco no início da vida através do tabagismo passivo na infância aumenta significativamente esse risco.
A exposição ao tabagismo passivo durante a infância aumentou a associação entre o risco de artrite reumatoide e o tabagismo ativo na vida adulta.
Nos fumantes que tiveram exposição passiva na infância ao fumo, o risco da doença foi de 1,73, em comparação com os não-fumantes não expostos durante a infância. Em contraste, o risco foi de 1,37 para os fumadores ativos não expostos ao fumo passivo durante a infância.
“O estudo destaca a importância de evitar qualquer ambiente de tabaco na infância, especialmente nos casos em que há antecedentes familiares de artrite reumatoide,” afirmou a professora Raphaèle Seror, do Hospital Universitário do Sul de Paris (França).
Outras influências para a artrite reumatoide
Outra análise divulgada no mesmo congresso mostrou que a diarreia crônica mais do que duplica a taxa de risco de artrite reumatoide (taxa de risco de 2,32), enquanto a constipação crônica ou a alternância entre diarreia e constipação não afeta o risco (taxas de risco de 1,16 e 1,07, respectivamente).
“Uma associação entre antecedentes de diarreia crônica e o risco de desenvolver artrite reumatoide reforça a hipótese do desequilíbrio bacteriano no intestino ser um fator de risco para o aparecimento de doenças inflamatórias imunomediadas,” explicou a professora Seror. “Esses dados encaixam-se perfeitamente no esquema pré-clínico da artrite reumatoide, no qual um evento externo ocorre num momento inicial, promovendo uma perturbação da imunidade, seguida anos depois pelas manifestações clínicas da artrite reumatoide.”
Uma outra meta-análise de estudos já realizados mostrou que o tabagismo está associado ao aumento da progressão do dano estrutural na coluna vertebral em pacientes com espondilite anquilosante, outra doença reumática. Este é outro motivo importante pelo qual os reumatologistas devem encorajar os doentes com tabagismo a pararem de fumar.
Artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença crônica marcada pela inflamação das articulações. Ela afeta cerca de 0,5 a 1% da população geral e causa a destruição do tecido articular e periarticular, incapacitação e redução da esperança de vida.
Nos últimos anos, muitos fatores ambientais potenciais têm sido associados a um maior risco aumentado de desenvolver artrite reumatoide, mas até agora o tabagismo é o único que tem sido amplamente estudado.
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