A fibromialgia e a dor miofascial são duas doenças que causam dores intensas e persistentes em diversas regiões do corpo. Os sintomas são semelhantes e igualmente incapacitantes, o que pode confundir o diagnóstico. Saber diferenciar a origem é importante para que o tratamento adequado seja feito e as dores efetivamente diminuam.
Prof.ª Dra. Matilde Sposito, médica fisiatra especialista em bloqueios neuroquímicos da clínica Ápice Medicina Integrada, de Sorocaba (SP), frequentemente se depara com pacientes sofrendo com essas doenças e apresentando dores agudas e crônicas. “A fibromialgia causa dores intensas nas costas, pescoço, cotovelos, abdômen, além de fadiga, mal-estar, cansaço, formigamentos, ansiedade, disfunção cognitiva e rigidez nas articulações”, detalha.
A dor miofascial, por sua vez, provoca incômodos fortes nas costas, pescoço, boca, face, distúrbios do sono, fadiga, rigidez nas articulações, sudorese, lacrimejamento, pele vermelha, fraqueza e limitação de movimentos. “Alguns sintomas são semelhantes, mas outros são particulares de cada doença. O paciente não necessariamente apresenta todos eles, mas a combinação de alguns”, explica a médica.
As causas da fibromialgia estão relacionadas à origem genética, isto é, pessoas na família com a doença aumentam as chances de desenvolvê-la. Infecções virais e doenças autoimunes, como o lúpus, além de ansiedade, depressão, estresse mental e traumas físicos também podem estar relacionados à fibromialgia. “Já, a dor miofascial pode ser motivada pelo estresse muscular, bruxismo (ranger dos dentes), movimentos repetitivos, má postura, contraturas (quando o músculo fica encurtado) e distensões musculares”, completa a especialista.
Conhecer os pontos de gatilho, ou seja, os locais mais sensíveis à dor, também é uma valiosa pista para o diagnóstico. “A dor miofascial sensibiliza o pescoço, ombros e cintura pélvica, podendo levar à cefaleia e ao zumbido no ouvido. A fibromialgia atinge mais os joelhos, cotovelos, ombros, nádegas e base do pescoço”, diferencia a médica fisiatra.
Como observado, a fibromialgia e a dor miofascial têm suas semelhanças e diferenças. O tratamento com medicamentos orais, fisioterapia e outras intervenções também costuma diferir. No entanto, bloqueios neuroquímicos, para a terapêutica, apresentam excelentes resultados no tratamento das duas moléstias.
A toxina botulínica, conhecida popularmente pelo nome comercial Botox, é uma substância extraída da bactéria Clostridium botulinum. “O uso médico da substância emprega doses seguras que, dentre diversas aplicabilidades, atua como um bloqueador neuroquímico, ou seja, é capaz de interromper o envio dos sinais de dor ao cérebro, quando aplicada nos pontos de gatilho”. Este é um tratamento recente que pode se associar à terapêutica clássica, fala Prof.ª Dra. Matilde.
Outra opção de tratamento, também considerada uma das mais eficientes atualmente disponíveis, é a mesoterapia. “São injeções de uma combinação de vários fármacos no local mais próximo o possível da lesão. Este tratamento igualmente pode apresentar resultados bem satisfatórios”, frisa a fisiatra.
Após as primeiras aplicações dos bloqueadores de dor, espera-se que os sintomas regridam progressivamente, até atingir o ápice do conforto. “Depois de alguns meses, é necessário repetir as aplicações para que o alívio seja mantido”, pontua a médica da Ápice Medicina Integrada.
Além da alta efetividade no controle da dor, a toxina botulínica e a mesoterapia apresentam ainda outras vantagens. “Os efeitos adversos são muito reduzidos, se comparados aos medicamentos de uso oral, que podem prejudicar o estômago, rins e o fígado. Além disso, os pacientes demonstram alto grau de satisfação, lembrando que as duas técnicas atuam no combate dos sintomas, e não das causas da fibromialgia e da dor miofascial, que exigem acompanhamento multidisciplinar constante em busca da melhora na qualidade de vida”, conclui Prof.ª Dra. Matilde Sposito.
Fonte: Seu Jornal
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