Catarina Guerreiro, nutricionista e pós-graduada em Nutrigenética, falou-nos sobre a relação entre a fibromialgia e a síndrome do intestino irritável e revelou-nos como a alimentação pode ajudar as pessoas que sofrem com estas condições.
A fibromialgia é uma doença crônica, sem tratamento específico, que se caracteriza por provocar dores musculares intensas, em zonas específicas como pescoço ou lombar, e por afetar 10 vezes mais as mulheres do que os homens. Muitas vezes provoca outros sintomas como fadiga, perturbações do sono, distúrbios emocionais e perturbações gastrointestinais.
Já a síndrome do intestino irritável é uma perturbação motora do tubo digestivo que provoca vários sintomas digestivos recorrentes ou crónicos, como: dor abdominal, prisão de ventre, diarreia, sensação de gás e barriga inchada. Chama-se assim porque geralmente nestes doentes o tecido muscular do intestino é mais sensível a estímulos habituais, como a alimentação ou o stress. As mulheres são duas vezes mais afetadas por este problema do que os homens.
Catarina Guerreiro, nutricionista, docente e investigadora na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, incluiu o grupo de oradores no Congresso Europeu de Nutrição Funcional, que se realizou em Lisboa no dia 14 de outubro, e falou sobre a relação escondida da síndrome do intestino irritável e a fibromialgia e de como a alimentação pode ajudar as pessoas que sofrem destes problemas, tema sobre o qual também falou ao Lifestyle ao Minuto:
A fibromialgia parece ocorrer em vários pacientes com síndrome do intestino irritável e vários pacientes com fibromialgia têm sintomas de intestino irritável. O que é que está por trás desta relação entre as duas doenças?
A Fibromialgia e a Síndrome do Intestino Irritável estão enquadradas num mesmo grupo das patologias funcionais que se caracterizam por serem distúrbios da função, sem alterações orgânicas, bioquímicas, sem exames diagnósticos específicos, e em que ambas reagem a agentes de stress, com reação dolorosa por hipersensibilidade ao estímulo.
Em ambas, o sistema nervoso e digestivo estão em constante comunicação bidirecional através daquilo que se chama atualmente o Eixo Neuro-Entérico.
Sabe-se que esta comunicação está amplamente influenciada pela microbiota intestinal, uma complexa comunidade de bactérias que coloniza o intestino, que parece ter uma importante influência na modulação da perceção da dor nestas duas entidades clínicas.
De que forma é que a alimentação pode ajudar as pessoas que sofrem destas condições?
Em ambas as patologias, Fibromialgia e Síndrome do Intestino Irritável, os doentes devem procurar aconselhamento nutricional para adequarem o seu plano alimentar ao seu quadro clínico, aos seus exames analíticos e às suas eventuais intolerâncias alimentares.
É muito comum estes doentes iniciarem de forma autónoma dietas de restrição, sem orientação de um nutricionista, pois associam à sintomatologia, digestiva e dolorosa, a alguns alimentos.
Mas se para uma determinada percentagem destes doentes, uma dieta com restrição de FODMAPs – alimentos fermentáveis que são mal absorvidos no intestino e que causam gases e má digestão, como a maçã, o trigo e o feijão – pode ser adequada, pois minimiza a sintomatologia, para outros poderá ser necessária outra estratégia alimentar diferente. Um nutricionista com prática clínica em doentes com Fibromialgia e Síndrome do Intestino Irritável representa uma grande vantagem na evolução sintomatológica e qualidade de vida destes doentes.
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