Depois de enfrentar cortes no orçamento, o laboratório público que fabrica remédios contra o câncer finalmente recebeu uma verba extra para retomar a produção. Mas agora enfrenta outro problema, que tem deixado pacientes bastante apreensivos.
Um quarto reservado para o tratamento do câncer de tireoide em um hospital de São Paulo tem ficado vazio nos últimos meses, mas não por falta de pacientes. É que o iodo-131 praticamente desapareceu das prateleiras dos hospitais. Esse é um dos medicamentos mais usados no combate ao câncer e também em exames de imagem, como cintilografia.
O empresário Paulo José Pinheiro operou um câncer de tireoide e desde setembro espera pela sessão de iodoterapia. Na semana passada, o procedimento foi cancelado pela segunda vez.
“Frustrado. Psicologicamente não é uma boa, porque a gente quer tirar logo isso da frente, uma situação de câncer que a gente sabe que pode ser expandido. Então, a gente fica muito chateado, triste, e uma expectativa grande girou em torno disso e agora eu voltei à estaca zero”, afirma.
O iodo-131 faz parte de uma categoria de medicamentos que emitem radiação. São os chamados radiofármacos. 85% de tudo o que o Brasil usa dessas substâncias saem do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Em setembro, por causa de cortes no orçamento, o Ipen teve que suspender a compra de insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos.
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