Pesquisadora da universidade de Campinas enaltece propriedades anti-inflamatórias; agricultor diz que 90% do bagaço é descartado após a prensagem.
Uma pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveu um extrato a partir do bagaço da uva, usualmente descartado na produção de produtos a base da fruta, que pode ajudar a combater inflamações no intestino, como a colite e a doença de Crohn.
A biológa Isabela Martins preparou um pó a partir do bagaço da uva seco e chegou ao extrato após acrescentar uma enzima chamada tanase. O tratamento enzimárico aumentou em 50% a concentração de fenóis antioxidantes na comparação com amostras sem tratamento, e o produto se mostrou eficaz no combate a inflamações no intestino.
“O resíduo de uva, em si, já é muito rico em compostos antioxidantes. A ideia de utilização dessas enzimas seria para conseguir quebrar esses compostos em compostos menores, mais simples. E, dessa forma, eles conseguiram ser mais absorvidos em nosso intestino”, explica a pesquisadora.
A pesquisa foi feita para uma tese de doutorado, e foi concluída em um laboratório especializado em antioxidantes em Boston, nos Estados Unidos. Isabela contou que testou o extrato em células do intestino com processos inflamatórios e o resultado surpreendeu.
“Após o tratamento com as enzimas nesse extrato, tivemos um aumento de aproximadamente 25% no efeito anti-inflamatório desses compostos”, destaca Isabela.
Benefícios no ‘lixo’
A casca da uva é rica em antioxidantes, que estão presentes nos compostos fenólicos e ajudam a combater os radicais livres. Mas, no processo da elaboração do vinho e outros produtos a base da fruta, boa parte desse bagaço é eliminada depois da prensagem.
O agricultor Ricardo Ferraguti contou que, de cada 10kg de uva, 4kg acabam descartados em forma de bagaço. “Hoje a gente usa em torno de 10% do que sobra para a fabricação de geleia, e os outros 90% são descartados”, diz.
Novos produtos
A ideia da pesquisadora é que a descoberta possa chegar ao alcance da população em breve. “A ideia seria transformar esse resíduo em um produto, um ingrediente, que possa ser incorporado em outros alimentos como pães, biscoito ou iogurtes. A ingestão desses produtos possivelmente teria um efeito preventivo contra doenças inflamatórias do intestino”, afirma Isabela.
Fonte: G1
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