A revista científica New England Journal of Medicine acaba de publicar o primeiro grande estudo sobre a relação entre uso contínuo de anti-inflamatórios não-esteroides e a saúde cardiovascular de pacientes crônicos. O trabalho, que acaba de ser apresentado na reunião anual da American Heart Association, comparou os efeitos de três tipos de anti-inflamatórios: ibuprofeno, naproxeno e Celebra (celecoxib), comercializado no Brasil mediante retenção de receita médica. Foram avaliados mais de 24 mil pacientes, todos em tratamento para osteoartrite ou artrite reumatoide, que estão entre as doenças reumáticas mais comuns. Iniciada em 2006, a pesquisa é a mais longa sobre esse tipo de medicamento desenvolvida até o momento.
Realizado pela Cleveland Clinic, com apoio da Pfizer, o estudo Precision (Prospective Randomized Evaluation of Celecoxib Integrated Safety versus Ibuprofen Or Naproxen) refuta o pressuposto de que o tratamento com naproxeno apresentaria resultados melhores na comparação com os outros dois anti-inflamatórios analisados e aponta que os riscos cardiovasculares entre os usuários das três medicações são similares, embora ligeiramente menores naqueles medicados com Celebra.
Randomizado e duplo-cego, o estudo envolveu pacientes de 13 países, entre eles o Brasil, que foram acompanhados por 18 meses. Todos os participantes apresentavam alto risco de doença cardiovascular e utilizavam anti-inflamatórios todos os dias para controlar os sintomas das doenças reumáticas. Os resultados apontaram que 2,3% dos usuários de Celebra apresentaram eventos cardiovasculares, ante 2,5% dos que receberam naproxeno e 2,7% dos medicados com ibuprofeno.
No estudo, os pacientes tratados com Celebra também apresentam menos eventos gastrointestinais graves. Esses efeitos afetaram 1,1% dos participantes que utilizaram o medicamento, ante 1,5% daqueles que receberam naproxeno e 1,6% dos pacientes medicados com ibuprofeno. A redução dos efeitos colaterais é essencial para o tratamento de doenças crônicas à base anti-inflamatórios não-esteroides, que representam um recurso importante para reduzir a dor e a inflamação. “Trata-se de um estudo emblemático, pois os questionamentos sobre a segurança cardiovascular dos anti-inflamatórios não-esteroides vêm sendo feitos desde a retirada do mercado de Vioxx (refocoxibe), em 2004”, disse Ian Read, CEO da Pfizer.
Precision foi dirigido por um comitê executivo formado por especialistas em cardiologia, gastroenterologia e reumatologia. O trabalho envolveu mais de mil centros de estudos, 30 deles no Brasil. Outros países que participaram do estudo foram Estados Unidos, Austrália, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Filipinas, Hong Kong, México, Panamá, Peru, Taiwan e Ucrânia.
Fonte: Exame Abril
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