Investigadores da Universidade de Valladolid, Espanha, confirmaram o potencial das células estaminais mesenquimais (MSCs) da medula óssea no tratamento de doentes com lúpus.
Após a aplicação de MSCs da medula óssea a três doentes, diagnosticados com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) há mais de 15 anos, que apresentavam dificuldade em controlar a doença recorrendo à terapêutica convencional, os investigadores verificaram que o estado de saúde dos doentes tinha melhorado consideravelmente, sem efeitos adversos associados.
Nove meses depois, dois doentes encontravam-se em remissão completa e o terceiro em remissão parcial, com a doença ainda ligeiramente ativa. Estas melhorias permitiram, ainda, diminuir entre 50 a 90% a dose de medicação utilizada por estes doentes para controlar a doença.
Tendo em conta os resultados positivos, nomeadamente ao nível da segurança, os investigadores pretendem agora avançar com um ensaio clínico, recentemente aprovado pela entidade competente espanhola, para avaliar a eficácia deste tratamento num maior número de doentes.
Em comunicado, Bruna Moreira, investigadora da Crioestaminal – primeiro banco de criopreservação em Portugal – , diz que “vários estudos publicados nos últimos anos indicam que esta nova opção terapêutica baseada em células estaminais mesenquimais poderá vir a ficar disponível para estes doentes. Estas células têm a capacidade de regular o sistema imunitário, podendo ser obtidas, por exemplo, a partir da medula óssea ou do tecido do cordão umbilical”.
O que é o lúpus?
O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma das doenças autoimunes com maior prevalência e caracteriza-se pela produção de anticorpos contra o próprio organismo. Vários órgãos, por exemplo os rins, pulmões e o sistema nervoso, podem ser afetados pela doença, originando sintomas como fadiga, febre e dores nas articulações. Em Portugal, afeta cerca de 0,07% da população, sobretudo feminina, com impacto significativo na sua qualidade de vida.
O LES é uma doença crônica, geralmente controlada utilizando fármacos imunossupressores e corticosteroides. No entanto, o tratamento convencional revela-se insuficiente em mais de 30% dos doentes, que acabam por sofrer recaídas ou não responder ao tratamento.
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