Estudos em diferentes países revelam que a prevalência de dor crônica varia entre 16% e 53%. No Brasil, segundo estudo publicado pela Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, a dor crônica, já afeta 4 a cada 10 pessoas. A boa noticia é que existem formas de prevenir e tratar a dor crônica, é o que afirma o médico neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Dr. Rafael Higashi.
A dor crônica é aquela dor que persiste por mais de três meses, prejudicando as atividades diárias mas, com o tratamento adequado, ela pode ser controlada ou curada. O especialista alerta que, se a dor aguda não for tratada corretamente, pode ocasionar uma disfunção neurológica, e a mesma se tornar crônica. A dor crônica pode se iniciar após um trauma ou lesão aguda, entretanto, existem casos que a dor crônica existe mesmo sem história nenhuma de trauma ou lesão prévia, como é o caso da fibromialgia, que normalmente começa de forma lenta e insidiosa, os maiores fatores são genético, bioquímico e estilo e vida.
A dor crônica pode ser maligna, quando advém de um processo neoplásico (cancerígeno); ou não maligna, que não têm origem em um processo neoplásico e inclui as doenças mais comuns no dia a dia, tais como: as dores de cabeça como a tensional e a enxaqueca, as lombalgias, as cervicalgias, a fibromialgia, e as dores musculares denominadas de miofascial.
Desde 1996 existe um consenso interno na prática médica para reconhecer a dor como quinto sinal vital, com o objetivo de ampliar a conscientização dos profissionais de saúde sobre a importância de seu tratamento. Isso significa que ela deveria ser avaliada com o mesmo zelo dos demais sinais vitais (temperatura, pulso, pressão arterial e frequência respiratória). Elevar a dor crônica à categoria de prioridade entre as medidas de saúde publica, de tratamento e investimento em pesquisa seria a melhor forma de preveni-la.
Em caso de dor intensa, o médico deve utilizar medicações analgésicas como os opiódes, contudo, estudos recentes revelam consequências negativas, como epidemia, provocada por seu uso abusivo. Nesses casos, modalidades de tratamento da dor crônica devem ser usadas como complementares ou alternativas, visando o melhor controle da dor e menor uso de medicação, alerta Dr.Higashi.
Já existe um tratamento eficaz, além da medicação para alivio da dor, chamado Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMTr). A aplicação de Estimulação Cerebral teve inicio em meados da década de 90, quando o Dr. Tsubokawa demonstrou, tecnicamente, o alívio significante da dor após implante cirúrgico de eletrodos no córtex motor cerebral, despertando o interesse de pesquisadores pelo uso da tecnologia elétrica não invasiva para tratamento da dor crônica, como é o caso da EMTr.
Vários trabalhos científicos demonstram que o uso da EMTr deve ser estendida também ao tratamento da dor crônica por ser eficaz e com efeitos colaterais insignificantes quando comparado a medicação (convencional). Em 2014 um grupo de especialistas europeus formaram uma comissão científica para avaliar a eficácia da EMTr em diferentes patologias. Eles chegaram a conclusão, após análise de dezenas de estudos científicos sobre o assunto, que a EMTr tem eficácia definida (chamada de nível A de evidência) no tratamento da dor crônica. Este estudo foi publicado posteriormente na prestigiada revista internacional Clinical Neurophysiology.
E agora, em 2017, o departamento de Anestesia do Hospital da Universidade da Pensilvânia (EUA), publicou um novo estudo de meta-análise, concluindo que a EMTr melhora a eficácia do tratamento convencional da dor crônica e não foi associado a nenhum efeito adverso.
“Devemos alertar a sociedade para novas modalidades de tratamento não medicamentosas da dor crônica já que milhões de brasileiros sofrem desta patologia sem alivio ou sofrem dos efeitos colaterais indesejáveis de altas doses de medicações”, pondera o especialista.
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