O encontro contou com a interação de médicos e pacientes ao vivo durante a live.
Com o objetivo de iniciar um projeto de informações e esclarecimentos sobre medicamentos biológicos e biossimilares, a Biored Brasil realizou no sábado, 27, das 10h às 14h, o Webinário gratuito ‘Biológico sem mitos na reumatologia, tudo que os pacientes precisam saber sobre medicamentos biológicos e biossimilares’. O evento, transmitido ao vivo nas redes sociais da Biored, promoveu o encontro de três médicos especialistas de referência na jornada dos pacientes reumatológicos e foi mediado pelo Comitê Diretivo da Reumatologia da Biored Brasil.
Durante a palestra ‘Medicamentos biotecnológicos na reumatologia’, o médico reumatologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), Flávio Petean, explicou que a maioria dos reumatologista utilizam a imunoterapia por supressão no tratamento das doenças reumáticas, suprimindo as células ou as substâncias que essas células produzem. “A imunoterapia é um tratamento que utilizam parte do seu sistema imune, quer seja mexendo com as células ou quer seja mexendo com o anticorpo, fazendo uma célula trabalhar mais ou trabalhar menos. Já os imunobiológicos são medicamentos preparados como antígenos, ou seja, com aquilo que o anticorpo ou sistema imune de um paciente deve atacar”.
De acordo com o médico, para iniciar um tratamento com os imunobiológicos alguns critérios devem ser seguidos rigorosamente com acompanhamento de exames como hemograma completo, as enzimas do fígado, saber se tem hepatite B ou hepatite C, anti-HIV, raio x do tórax, urina e o PPD, que é um exame para identificar infecção. “O problema do PPD é que na artrite reumatoide alguns pacientes, pela própria deficiência que eles têm, podem ter resultado com valor inferior. Por isso tem que ter cuidado quando você estiver tomando Prednisona acima de 10mg porque o PPD vai ser negativo, então nunca realizem o PPD tomando mais que 10 miligramas”, recomenda.
As contraindicações sobre o uso dos medicamentos imunobiológicos são para pacientes com infecção aguda, crônica ou latentes, insuficiência cardíaca moderada ou grave, doenças neurológicas, hipersensibilidade a droga, gravidez, amamentação e câncer. O médico recomenda ainda que, antes de iniciar uma terapia imunobiológico é necessário ter a carteira de vacinação atualizada.
Durante o encontro, os palestrantes e participantes demonstraram a preocupação com a continuidade do tratamento de pacientes com doenças reumáticas durante a pandemia, sendo orientado em vários momentos que os pacientes não abandonem o tratamento e sigam as orientações médicas relacionadas a pandemia.
Medicamentos biológicos no tratamento das doenças reumáticas
Os Medicamentos biológicos estão presentes no tratamento de diversas doenças crônicas como é o caso das doenças reumáticas, auxiliando na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Esses medicamentos são produzidos a partir de organismos vivos, como células e bactérias. Em muitos casos, eles têm imunogenicidade, ou seja, a capacidade de aumentar a resposta imune do corpo. Já o medicamento Biossimilar ou medicamento biológico similar é um fármaco similar ao biológico originador.
Representando o Centro Latino Americano de Pesquisas em Biológicos (CLAPBio), o cientista e pesquisador Dr. Ricardo Garcia ministrou a palestra ‘Intercambialidade entre medicamento biológico originador e biossimilar’ destacando que a discussão entre os médicos deve ser concentrada pela troca dos medicamentos biológicos por biossimilares para pacientes que já fazem uso de medicamento biológico em seu tratamento e não para aqueles que irão iniciar um tratamento. “Não se sabe de evidências suficientes que garantam que essa operação de troca ou de intercâmbio é eficaz. Essa é uma pergunta que ainda não temos uma resposta concreta, decisiva, por isso tendemos ser mais conservadores em relação a troca”, salientou. Assista a palestra na íntegra
A terceira e última palestra do Webinário, apresentada pelo reumatologista e representante da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Dr. Georges Christopoulos, teve como tema a ‘Troca automática – visão de um reumatologista’.
Para Christopoulos, a troca automática de medicamentos biológicos por biossimilares pode causar danos graves e deve ser realizada em uma ação conjunto entre gestores públicos, médicos e pacientes para evitar riscos ao tratamento. “O gestor, quando não faz essa ação de pensamento em conjunto pode chegar a decisões equivocadas e que prejudicam os pacientes. Os pacientes não podem ser cobaias de ação do governo visando a diminuição de custos”, enfatizou.
O médico citou como exemplo a troca automática feita na Dinamarca em que uma parte dos pacientes, que estavam estáveis, não responderam bem e o governo acolheu os pacientes oferecendo novamente o medicamento originador. “A reflexão é: se a medicação não der certo o governo brasileiro vai lhe acolher? Vai devolver a medicação antiga? O problema de biossimilares tem saída, as soluções serão encontradas com a participação de todos”, concluiu. Assista a palestra na íntegra
Participaram como mediadores os representantes do Comitê de Reumatologia da Biored Brasil Ana Lúcia Silva Marçal Paduello – Conselheira Nacional de Saúde representando a Associação Brasileira Superando Lúpus, na Biored Brasil representa o Grupar-RP, Marco Aurélio Azevedo – Grupo Garce, Marta Azevedo – Grupo Garce e Priscila Torres – Grupo EncontrAR.
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