Por quatro anos, a analista administrativa Diomara Cantesani, de 55 anos, sofreu com dores físicas que médicos não conseguiam diagnosticar. No começo, doíam as articulações dos membros superiores, especialmente as das mãos. Com o tempo, elas ficaram mais intensas e alcançaram outras partes do corpo, como as pernas e o quadril. Quando os analgésicos e anti-inflamatórios comprados por conta nas farmácias já não faziam mais efeito, as idas ao pronto-socorro passaram a ser rotina. “A cada receita nova, o remédio era mais forte, mas ele não tratava a causa porque os médicos não sabiam o que eu tinha”, lembra. O diagnóstico de fibromialgia veio quando ela completou 40 anos e a dor alcançara um nível insuportável. “Até meu couro cabeludo doía. Quando eu falava, as pessoas não acreditavam”, lembra.
Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia atinge cerca de 3% dos brasileiros — quase sete milhões de pessoas. Mistério para medicina e motivo de discordância entre especialistas, as causas das dores difusas pelo corpo que caracterizam a enfermidade ainda não estão totalmente esclarecidas, o que dificulta seu diagnóstico e seu tratamento. O que já se sabe é que a fibromialgia se manifesta com dores crônicas no corpo e sem motivo aparente. Elas dores podem estar associadas a outros sintomas, especialmente a fadiga, alterações no sono e distúrbios de humor, entre eles ansiedade e depressão.
“Não há exames clínicos ou de imagem que identifiquem a doença”, afirma o reumatologista Ari Stiel Radu Halpern, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. “Uma de suas características é a inexistência de inflamações ou infecções nos músculos e articulações” explica.
A medicina também não consegue explicar ainda porque a enfermidade é mais frequente em mulheres, que representam nove a cada dez diagnósticos. Além disso, os sintomas podem ser diferentes de pessoa para pessoa. “Quando fazemos estudos observacionais não conseguimos comprovar a relação entre causa e efeito. Se soubéssemos a causa, a fibromialgia seria uma doença e não uma síndrome e os caminhos para tratamento seriam mais claros”, completa Halpern.
Outros sintomas que podem estar associados são a sensibilização do sistema nervoso central e uma menor densidade de fibras nervosas na epiderme. O primeiro é uma alteração neuroquímica que produz em maior quantidade substâncias quem amplificam a dor e em menor as que inibem a sensação. Já a segunda, recém descoberta por pesquisadores americanos, está relacionada à redução de fibras nervosas na epiderme (camada mais superior da pele), o que pode tornar dolorido um simples toque. “Mas somente cerca de 20% dos pacientes fibromiálgicos têm essa condição”, diz o reumatologista.
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