Na reumatologia, assim como em outras áreas da medicina, existem muitos mitos que precisam ser esclarecidos. Buscando na internet, achamos diversas publicações interessantes sobre o tema. Mas, algumas perguntas, muito frequentes no dia a dia dos consultório, ainda são pouco comentadas. Diante disso, a reumatologista, Dra. Claudia Costa, esclarece os principais questionamentos:
Reumatismo é doença do idoso? Não. As doenças reumatológicas podem ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças. Dependendo da doença, existe uma faixa de idade mais comum de início. Exemplos: osteoporose é mais frequente em mulheres após a menopausa. Lúpus eritematoso sistêmico é mais comum em mulheres entre 15 e 45 anos, e a espondilite anquilosante por sua vez, acontece mais em homens, antes de 40 anos.
Com esta explicação acima, já respondo a seguinte pergunta: Acontece só em mulheres? Não. Pode ocorrer em qualquer sexo.
Todo reumatismo causa deformidades articulares? Não. As doenças reumatológicas que apresentam inflamação articular podem causar danos, que, se não tratados precocemente se tornam crônicos e a sequela é uma deformidade característica da doença de base. Esta pode ser irreversível e levar a incapacidade funcional. Na Reumatologia, a articulação das mãos são muito acometidas. Um exemplo clássico é a mão reumatoide que aparece em casos de longa evolução e sem tratamento adequado da artrite reumatóide.
Todos os pacientes terão que usar corticoide? Não. O corticoide é um medicamento extremamente útil, que a depender da situação, salva vidas e função de órgãos vitais. Assim sendo, ele é muito utilizado em lúpus eritematoso sistêmico, vasculites, e outras doenças graves. Porém, nos últimos anos, outros excelentes medicamentos estão sendo usados como “poupadores de corticoide”, que tratam a doença com eficácia, reduzindo os efeitos colaterais indesejados deste tipo de medicação. Os tratamentos imunobiológicos são os maiores exemplos dos avanços terapêuticos, aplicados em vários casos de artrite reumatoide, artrite psoriásica e espondilite anquilosante, como por exemplo.
É indicado repouso para todos os pacientes que tem doença reumatológica? Não. Estudos cada vez mais consistentes comprovam a eficácia da atividade física nestes pacientes. É importante ressaltar a indicação adequada, a individualização da prescrição dos exercícios e conscientizar sobre a necessidade do condicionamento muscular. As vantagens de exercícios incluem proteção articular, diminuição da fadiga, e melhora do humor e da qualidade do sono. Recursos que consequentemente diminuirão a necessidade do uso de medicação e efeitos colaterais indesejados.
Reumatismo tem cura? A maioria das doenças são crônicas e sistêmicas, ou seja, podem acometer além do sistema músculo esquelético, outros órgãos como olhos, coração, pulmão, rins e pele. Geralmente, elas não apresentam uma cura, mas, permitem possibilidade de controle. As opções de tratamento são muitas e as características de cada paciente determinam qual o melhor esquema a ser escolhido. Portanto, o tratamento deve ser personalizado.
As regras de ouro em Reumatologia? Converse muito com seu médico e tire suas dúvidas (que com certeza, devem ser muitas) em cada consulta. Paciente bem informado é capaz de tomar decisões compartilhadas com seu médico e adere muito mais ao tratamento. Respeite o intervalo para o retorno, pois o organismo está em constante mudança e desta forma as necessidades terapêuticas também mudam. Reveja seus hábitos de vida, melhorando a alimentação, praticando atividade física e evitando o tabagismo e a bebida alcoólica. Essas são regras básicas universais, que servem para tudo e todos.
Para finalizar, é importante lembrar que quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento, menores as possibilidades de sequelas irreversíveis.
DICAS DE QUANDO PROCURAR UM REUMATOLOGISTA
- 1- Dor articular, sem trauma evidente, principalmente se associada a aumento de temperatura e tamanho da articulação
- 2- Dor nas costas: cervical, torácica ou lombar;
- 3- Presença de rigidez articular prolongada, mais comum pela manhã;
- 4- Dor no corpo generalizada, associada a fadiga;
- 5- História familiar de doenças reumatológicas;
- 6- Indicação de outros especialistas para investigação de doenças reumatológicas que afetem outros órgãos.
Cláudia Costa é médica especialista em Reumatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), além de pós graduada em Acupuntura e Reumatologista do Ministério da Defesa.
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