Há mais de 200 causas de dor de cabeça. Para saber o melhor tratamento é importante descobrir a causa
Todo mundo sente dor de cabeça, mas tem dia que é demais. Parece que a dor está presa na cabeça e nada faz sair. Será que algumas pessoas têm o cérebro mais sensível do que as outras? O Bem Estar conversou com a neurologista Thaís Villa, que é chefe do setor de investigação e tratamento das cefaleias da Unifesp, e também com o consultor e ginecologista José Bento.
De acordo com a neurologista, há mais de 200 causas de dor de cabeça. Cerca de 4% a 5% da população apresenta dor de cabeça crônica diária – dores que ocorrem por mais de 15 dias ao mês por três meses sucessivos – e a enxaqueca é a principal causa. É ela que mais prejudica a qualidade de vida.
As cefaleias tensionais são as dores de cabeça mais comuns. Como são mais leves, raramente os pacientes procuram ajuda. Já na enxaqueca, a dor de cabeça é um dos sintomas, ao lado de tontura, enjoos, sensibilidade à luz, entre outros, e temv origem em um defeito genético. Alguns fatores desencadeiam as crises de enxaqueca, como estresse, sono, jejum, período menstrual e determinados alimentos
Diário da dor
Para saber o melhor tratamento para dor de cabeça é importante descobrir a causa. A engenheira Daniela Miguel sofreu com enxaqueca a vida inteira, mas conseguiu controlar as dores depois que descobriu, junto com o médico, as causas do problema. “Fui portadora de enxaqueca desde os seis anos. Eu tinha crises muito fortes, tenho memórias de várias internações no hospital. Minha adolescência inteira, minha faculdade inteira. Fiz inúmeros tratamentos e nunca consegui me curar. Já perdi festa de formatura da melhor amiga, aniversário de pessoa querida, porque a enxaqueca não tem hora pra vir.”
Os remédios davam um alívio, mas não resolviam o problema. Até que o médico deu uma dica que mudou tudo: um diário da dor de cabeça. Ela anotava tudo: o que tinha comido, se tinha tido uma boa noite de sono, passado por uma situação de estresse mais intensa, se teve dor de cabeça e se precisou tomar remédio. Foi assim durante quatro anos, até que ela descobriu o que era o gatilho para as dores de cabeça nas crises de enxaqueca. Com essas informações, Daniela e o médico identificaram dois gatilhos: os hormônios da menstruação e alimentos que faziam parte da rotina, como gorduras e alguns produtos industrializados.
Detox de medicamentos
E quando as dores de cabeça não passam mesmo tomando um monte de remédio? Pode ser a hora de trocar de tratamento. Para fazer isso, o corpo precisa passar por um verdadeiro detox de medicamentos para limpar o organismo. Foi o que fez a comerciante Cibele Granado. Ela tinha crises de dor de cabeça. Nelas, ela não conseguia fazer nada, precisava ficar quieta, no escuro. Nenhum remédio adiantava e de uma a duas vezes por ano ela ficava internada.
A enxaqueca deixava tudo mais difícil. Ela precisava de ajuda até para cuidar do filho. Mas isso faz parte do passado. Hoje Cibele é outra pessoa. Antes, o tratamento era feito a base de analgésicos fortes. “Os remédios eram caros. Um comprimido custava R$ 20 e eu tomava todo dia, praticamente”, conta. Para melhorar, ela precisou limpar o organismo. “Desintoxicar. Eu estava intoxicada de tanto remédio que tomei em todos os anos.”
Depois da desintoxicação, ela passou a tomar remédios de controle. São neuromodulares, para que o cérebro não entenda qualquer estímulo como dor. Para aliviar as dores de cabeça do tipo tensional, o tratamento também inclui aplicações de toxina botulínica nos músculos da cabeça e do pescoço.
Em pequenas quantidades, a toxina relaxa os músculos tensos e a dor diminui. Ela também passou a manter uma caderneta em que anota tudo o que acontece no dia a dia. É o diário do tratamento e já dá para perceber a melhora. A expressão ‘sem dor’ faz parte de uma nova rotina. “É muito bom, até ponho um ponto de exclamação, porque eu não sabia o que era isso durante muito tempo. Eu não sabia o que era ter a cabeça leve, sem dor. Esse ano foi diferente, foi muito melhor.”
A neurologista Thaís Villa esclarece que o tratamento com toxina botulínica é indicado apenas para casos de enxaqueca crônica, após avaliação de médico neurologista especialista, e que sua ação é reduzir a liberação de substâncias inflamatórias e neurotransmissores que causam a dor, não estando relacionada ao relaxamento muscular.
Fonte: G1
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