Receber a notícia da cura do coronavírus nem sempre significa estar livre da doença. Para uma parcela dos diagnosticados, as sequelas podem permanecer meses após receberem alta. Sintomas comuns entre as pessoas que testaram positivo para a Covid-19, como perda de olfato e paladar, dores musculares, dificuldade para respirar e dores nas articulações, além de problemas nas funções motoras e respiratórias podem persistir nos antigos pacientes que venceram a luta da Covid-19.
Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apontam que o novo coronavírus pode ser uma doença multissistêmica, ou seja, podem acometer outros sistemas além do respiratório. Com semelhanças de outros vírus, é possível que a doença possa atingir o miocárdio, causando uma inflamação no coração e, consequentemente, apresentar uma repercussão cardiovascular.
Apesar de diversas análises realizadas no Brasil e no mundo, ainda não é possível ter a certeza de que as sequelas deixadas nos pacientes serão passageiras ou permanentes. De acordo com um estudo preliminar da University College London, divulgado na quarta-feira (8) pela revista acadêmica Brain, distúrbios cerebrais foram observados em pessoas com sintomas leves ou recuperados da Covid-19. Entre as complicações analisadas pela pesquisa estavam inclusas inflamação cerebral, confusão mental, danos nos nervos e derrames.
Segundo a neurologista Lúcia Brito, desde o início da pandemia havia um monitoramento de análises para possíveis alterações neurológicas causadas pelo vírus.
“Desde o início da pandemia, por vivenciar outras viroses, nós sabíamos que poderiam ocorrer as alterações neurológicas. A gente sabe que, no geral, o paciente que tem a perda do olfato, paladar, em três semanas pode se recuperar, mas outros não. Algumas pessoas demoram mais porque mostram alterações no próprio nervo do olfato, por exemplo”, explica.
Com relação à circulação de arboviroses como dengue e chikungunya, que ainda são notificadas no estado de Pernambuco, a neurologista informou que os sintomas podem interferir no diagnóstico da Covid-19.
“Algumas vezes há uma interface do coronavírus com os outros vírus ou doenças. Precisamos identificar se há interferências, mas não podemos esquecer que as outras viroses ainda estão circulando”, esclarece.
Apesar das novas descobertas, Lúcia Brito informou que ainda não é possível ter certeza do período de sequelas.
“É uma doença muito nova, muitas coisas estão sendo descobertas ao longo desses oito meses, além de complicações também. Apesar de diversos estudos realizados no Brasil e no mundo ainda não podemos falar sobre sequelas permanentes, podemos falar de dificuldade de recuperação temporária”, conclui.
Tratamento
Em Olinda, o projeto Pós-Alta Covid-19 foi criado para realizar o atendimento multidisciplinar, envolvendo diversas especialidades médicas, e destinado a todos os moradores da cidade que foram acometidos pelo novo coronavírus.
A iniciativa conta com acompanhamento para quem já deixou as unidades hospitalares e que se recuperam de sequelas deixadas pela doença.Através de uma plataforma digital, os pacientes poderão realizar o cadastro e receber orientações de acordo com o caso.
A equipe é formada por fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais, além de pneumologistas e infectologistas. Através do site fisioterapia.olinda.pe.gov.br, os pacientes podem preencher as informações de acordo com o seu grau de complexidade, incluindo adultos ou crianças, analisando o comprometimentos das funções motora ou respiratórias. Na modalidade presencial, os pacientes serão submetidos a nova testagem para o vírus.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Olinda, conforme a complexidade, os fisioterapeutas definirão o número de sessões, que poderão ser realizadas em até 20 etapas; a frequência semanal, distribuídas em até três vezes; e as técnicas indicadas, entre elas, RPG, Pilates e auriculoterapia.
Fonte: Diaério de Pernambuco.
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