Quem pensa que é preciso recorrer a bancos de óvulos fora do país para realizar o sonho de ser mãe está enganado. No último episódio da série Fertilidade – Um Projeto de Vida, do Fantástico, programa exibido pela TV Globo, a reportagem deu a entender que não há bancos de óvulos no Brasil e que, na maioria das vezes, as pessoas recorrem a tratamentos em outros países.
Mas não é bem assim e, por isso, é importante entender como funciona o processo de ovodoação no Brasil. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que a legislação brasileira vigente não permite que a doação de óvulos seja comercializada e determina que seja anônima. Por essa razão, ao contrário de outros países, como nos Estados Unidos, não há um banco de comercialização no Brasil. Aqui, o que existe são programas voluntários de ovodoação em boa parte das clínicas de reprodução humana, especialmente nas que atuam em grandes cidades.
A doação de óvulos nas clínicas brasileiras de reprodução assistida pode acontecer de duas maneiras:
Voluntária: Quando a doadora resolve ceder totalmente seus óvulos para ajudar as mulheres que desejam gerar um bebê e não conseguem por diferentes motivos. Alguns exemplos são: quando a mulher não produz mais a quantidade de óvulos saudáveis necessária para engravidar naturalmente ou por meio da fertilização in vitro; quando tem falência ovariana, ou seja, ausência dos ovários; quando fica infértil por alguma doença ou pelo uso contínuo de alguma medicação, como as que passam por tratamentos oncológicos.
Compartilhada: Quando a doadora também quer se tornar mãe, mas seu parceiro, por exemplo, tem algum problema de infertilidade e precisa recorrer a um tratamento de fertilização, mas não tem condições financeiras para realizá-lo. Neste caso, a receptora dos óvulos doados arca com o tratamento da doadora e recebe, em troca, os óvulos. Vale lembrar que esse procedimento é realizado com muito critério e transparência, para que essa troca seja justa para ambas as partes, e tanto a doadora como a receptora não podem se conhecer, pois a doação precisa ser anônima.
“Temos programas de ovodoação tão competentes quanto lá fora e, ao contrário do que alguns pensam, não há fila de espera, ou seja, não é um processo demorado. É preciso conscientizar as pessoas que existe, sim, essa possibilidade no Brasil e que, aliás, é muito segura e eficaz”, explica Philip Wolff, professor e doutor em Ciências Biomédicas e diretor da Genics Medicina Reprodutiva.
Como acontece o programa de ovodoação no Brasil
As doadoras são mulheres que se candidatam voluntariamente e precisam ter até 35 anos de idade, período que os óvulos ainda estão saudáveis e podem permitir uma gestação mais segura, com menos risco de aborto ou alterações cromossômicas. Segundo Renata Erberelli, embriologista e chefe dos laboratórios de Andrologia, Embriologia e Criopreservação da Genics Medicina Reprodutiva, para ter certeza que a mulher está apta a doar seus óvulos são solicitados diversos exames para avaliar seu estado de saúde, como os de doenças sexualmente transmissíveis: HIV, hepatites B e C, sífilis, clamídia, gonorreia, vírus Zika, entre outros. “No Brasil, não é obrigatório realizar o exame de cariótipo, que detecta anormalidades cromossômicas, e que mostra uma parte a mais do perfil genético dessas doadoras. Mas, nos programas de ovodoação da Genics, optamos por realizá-lo, porque, assim, podemos selecionar doadoras que não ‘carreguem’ – geneticamente – nenhum tipo desses tipos de alterações, que seriam as mais incidentes mundiais. Pois uma vez que a doadora ‘carrega’ algo, os embriões podem não ser saudáveis geneticamente e a chance da gravidez acontecer diminui”, explica a especialista.
Como os óvulos são armazenados
Toda clínica que realiza um programa de ovodoação possui um banco próprio de armazenamento de óvulos congelados. Os óvulos são congelados e armazenados em contêineres de nitrogênio líquido, identificados com as siglas da doadora. Para que as receptoras de oócitos congelados se beneficiem com o tratamento é fornecido para ela em torno de 8 a10 óvulos.
O descongelamento dos oócitos pode ser realizado quando o endométrio da receptora estiver preparado para receber os embriões.
Como ocorre a fertilização por meio da doação de óvulos
O processo de ovodoação consiste em receber óvulos de uma doadora e fertilizá-los com os espermatozoides colhidos do sêmen do marido (ou do banco de sêmen). A clínica de reprodução informa as características das doadoras dos óvulos (idade, tipo sanguíneo, raça, ascendências, cor e textura do cabelo, peso, altura, cor da pele, etc.) para a receptora decidir de qual doadora deseja receber os óvulos.
O próximo passo é a fecundação, feita através da técnica de Fertilização In Vitro (FIV). Esse processo, todo realizado no laboratório, é feito por um embriologista, que injeta um único espermatozoide diretamente em cada óvulo maduro. Depois, espera-se a formação e o desenvolvimento dos embriões, que demora de três a cinco dias. Após esse período, um ou dois embriões são transferidos para o útero da receptora ou congelados para uma transferência em um ciclo preparado especialmente para a receptora recebê-los. De 10 a 12 dias, a paciente que recebeu os embriões pode realizar o teste Beta-hcG para confirmar a gravidez.
Quais as chances de engravidar com a ovodoação?
Como existe um critério na escolha das doadoras, que normalmente são mais jovens, as chances de gravidez com o processo de ovodoação são bem maiores em relação aos demais tratamentos de fertilização. Portanto, se uma paciente com mais de 40 anos receber óvulos de uma doadora mais jovem (de até 35 anos), as chances de engravidar aumentam até cinco vezes mais. Com isso, a taxa de gestação com óvulos doados é de 50 a 60%.
Fonte: maismcomunicacao.com.br
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